Dois aviões sírios foram abatidos pelas forças militares turcas em Idlib, cidade no noroeste da Síria, avançou a agência SANA, organização de informação e notícias oficial da Síria.
Este ataque surge no decurso de uma escalada de tensão entre a Turquia e a Rússia, que apoiam lados opostos no conflito sírio.
O ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, referiu que Ancara não busca um confronto com Moscovo. Segundo o próprio, o objetivo da ofensiva turca é “acabar com os massacres do regime e impedir uma onda migratória”.
No sábado, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que ia abrir as fronteiras para a Europa aos migrantes e refugiados, permitindo assim que os refugiados sírios cruzarem o seu território rumo à Europa por terra e por mar.
“O que é que andamos a dizer há meses? Que se isto continuasse, seríamos obrigados a abrir as nossas portas. Não acreditaram em nós”, disse Erdogan, referindo-se à União Europeia.
Apesar de Erdogan não ter associado diretamente a decisão de abrir as fronteiras com a escalada de tensão em Idlib, este avisou que a Turquia “não pode suportar uma nova vaga de migrantes”, numa aparente referência a Idlib, onde centenas de milhares de sírios desesperados e em fuga face ao avanço das tropas de Assad se deslocaram em direção à fronteira turca.
A Rússia e a Turquia acordaram a necessidade de “reduzir a tensão” na Síria. Na passada sexta-feira, Erdogan e Vladimir Putin, tiveram uma conversa telefónica durante a qual expressaram “preocupação” pela escalada na Síria. Os dois líderes ponderam encontrar-se em Moscovo na próxima semana, de acordo com o Kremlin.
Portas que se abrem e outras que se fecham Após a abertura das fronteiras da Turquia, as Nações Unidas estimaram que pelo menos 13 mil pessoas refugiram-se na fronteira turca com a Grécia. No entanto, as autoridades gregas, referem em comunicado, que, entre as 6h de sábado e as 6h de domingo, foi bloqueada a entrada de 9.972 pessoas na região de Evros, que faz fronteira com a Turquia. De forma a impedir a entrada destas pessoas, as autoridades recorreram ao lançamento de gás lacrimogéneo.
A Grécia enfrenta um problema de sobrelotação dos campos de refugiados nas cinco ilhas mais perto da Turquia. Nestes campos é possível observar tendas a estender-se além dos seus limites que não apresentam condições de segurança e de higiene mínimas. Segundo dados mais recentes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a Grécia tem atualmente 115 mil refugiados e com pedidos de asilo.
A Turquia acolhe mais de 3,5 milhões de refugiados sírios e centenas de migrantes e refugiados da Ásia, África e Médio Oriente que usam o país como ponto de trânsito para alcançar a Europa através da Grécia. Sob um acordo de 2016, a União Europeia forneceu milhões de euros de ajuda em troca de Ancara concordar em conter o fluxo de migrantes para a Europa.