Desde agosto, as forças de segurança registaram 18 situações “associadas a fenómenos de racismo nas várias divisões de futebol” e noutras modalidades, avançou ontem Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna. Também ontem, o conselho de disciplina da Federação Portuguesa de Futebol multou o Vitória de Guimarães e o Futebol Clube do Porto em mais de 27 mil euros na sequência do último encontro entre os dois clubes. Os cânticos racistas dos adeptos do Vitória ao jogador Marega que trouxeram aos debates o assunto do racismo no desporto valeram ao clube uma multa de 714 euros – tendo o restante valor da multa sido aplicado devido ao arremesso de cadeiras e tochas para o relvado por ambos os clubes.
E foi a propósito do caso Marega que Eduardo Cabrita falou ontem durante uma audição da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias pedida pelo PCP. O ministro explicou que as forças de segurança participaram as 18 ocorrências ao Ministério Público.
Um dos casos de racismo identificados pela PSP aconteceu durante o jogo entre os dragões e o YoungBoys. Um adepto do Futebol Clube do Porto insultou um jogador de etnia negra da equipa suíça, tendo sido de imediato identificado pelas autoridades.
Mas os insultos não acontecem apenas em jogos da primeira liga. “No jogo Cartaxo-União de Tomar, do campeonato distrital de Santarém, também houve insultos, o MP atuou e o processo corre os seus termos”, referiu o ministro responsável pela Administração Interna.
Desde setembro do ano passado, altura em que entrou em vigor a nova lei sobre a violência no desporto, houve 112 adeptos impedidos de entrar em recintos desportivos.
O número de ocorrências apontadas pelas autoridades tem vindo a aumentar ao longo dos anos: na época 2015/2016, foram registados quase três mil incidentes e na temporada passada foram registados 4354.
Neste momento estão a decorrer auditorias aos estádios de futebol para identificar as zonas de acesso, ou zonas por onde entram objetos proibidos, como as tochas. Eduardo Cabrita referiu que, depois das auditorias, os clubes de futebol que não fizerem as correções que lhes forem impostas serão considerados pelo Ministério da Administração como inaptos para receber jogos da primeira divisão.
O caso mais recente de violência no desporto foi conhecido esta segunda-feira, depois de a PSP ter avançado que deteve um homem na Madeira por injúrias ao árbitro no final do mês de fevereiro. O incidente aconteceu na freguesia da Camacha, o homem foi afastado do recinto desportivo e a PSP levantou um auto de notícia por contraordenação. O adepto foi constituído arguido por infringir a lei da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos e está sujeito a uma coima a aplicar pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto que varia entre os 750 e os cinco mil euros.