Era a solução mais comentada nos últimos dias, mas só ontem ficou oficialmente confirmada: a UEFA adiou o Europeu de futebol de 2020 para 2021 devido à pandemia covid-19. A conclusão chegou depois das reuniões entre o presidente do organismo que tutela o futebol europeu com os líderes das 55 federações que o compõem e com os representantes da Associação Europeia de Clubes e da FIFPro.
Assim, a prova, que ainda tem Portugal como o atual campeão, será disputada entre 11 de junho e 11 julho do próximo ano. A competição mantém também o formato inédito, com 12 cidades europeias a receberem o evento desportivo.
O adiamento da prova trata-se, de resto, de uma situação sem precedentes, uma vez que é a primeira vez que o futebol sofre alterações desta natureza desde a II Guerra Mundial. O conflito militar que começou em 1939, e se prolongou até 1945, tinha sido até aqui o grande responsável por mexidas no calendário desportivo, obrigando ao cancelamento de dois Campeonatos do Mundo.
Já no que respeita ao Europeu, esta é a primeira vez que a prova vai falhar a sequência de quatro anos desde que foi pela primeira vez disputada, em 1960.
Títulos nacionais são prioridade Tal como já tinha sido adiantado, esta decisão tem como principal objetivo dar tempo para que os títulos nacionais possam ficar decididos sem que seja necessário recorrer a medidas extraordinárias. Com as cinco principais Ligas de futebol suspensas, e também por cá com o campeonato em stand-by, já estavam a ser estudadas alternativas para ser apurado o campeão. Contudo, o organismo presidido por Aleksander Ceferin é categórico: a ser possível, os campeonatos devem ser concluídos na forma tradicional. “Foi dada prioridade à conclusão dos campeonatos nacionais, num esforço de solidariedade sem precedentes da UEFA (…). A saúde de todos os envolvidos é a prioridade, assim como evitar uma pressão desnecessária nos serviços nacionais de saúde envolvidos nas cidades que recebem jogos. A decisão ajudará a que todos os campeonatos nacionais, atualmente interrompidos, possam ser finalizados”, esclareceu a UEFA.
De relembrar que, em último caso, a UEFA não tem jurisdição para decidir a entrega do título e que essa decisão cabe sempre às Federações de cada país. Um tema que promete gerar polémica mas que fica pelo menos por enquanto fora dos planos – ontem a La Liga, por exemplo, voltou a reforçar a ideia de que o campeonato vizinho vai ser discutido até à última jornada. De relembrar que a posição sublinhada pela Real Federação Espanhola de Futebol surge num momento em que o país é, a seguir a Itália, o mais afetado pelo SARS-CoV-2.
Sobre o adiamento do Europeu, Ceferin lembrou ainda “o enorme custo” que a UEFA vai ter mas ressalvou que o organismo que lidera estava obrigado a dar o exemplo: “A saúde, ao invés do lucro, tem sido o nosso princípio, e tomamos esta decisão para o bem futebol europeu como um todo”. Os jogos do playoff do Euro2020 e particulares agendados para o final de março serão agora disputados na janela internacional de início de junho, embora a situação possa ser reavaliada dependendo da evolução do novo coronavírus.
Provas europeias interrompidas Também os jogos da Liga dos Campeões e da Liga Europa vão continuar interrompidos até ordem em contrário. A UEFA acredita que as duas provas europeias possam ficar concluídas através do formato habitual mas não descarta a possibilidade de ter que adotar novas medidas. Para já, ainda não foram divulgadas as possíveis soluções caso se verifique o pior cenário, mas uma ‘final four’ a partir das meias-finais poderá ser uma alternativa. Ontem, o jornal A Marca avançava que a final da Champions estava agora prevista para dia 27 de junho, com o jogo derradeiro da Liga Europa a ficar agendado para três dias antes, a 24. Segundo o diário espanhol, a UEFA está confiante no regresso das provas e aponta para já duas datas: 5 de maio no caso da prova milionária e 30 de abril para a segunda prova europeia.
No plano de contigência revelado ontem, a UEFA pretende que todas as provas de clubes estejam finalizadas até dia 30 de junho. Para tal, podem ser esperadas situações inéditas, como jogos referentes à Champions ou à Liga Europa serem disputados ao fim de semana.
Já relativamente aos Jogos Olímpicos, marcados para Tóquio, continuam, por enquanto, nas datas previstas, de 24 de julho a 9 de agosto. A quatro meses do arranque do evento, o Comité Olímpico Internacional emitiu um comunicado no qual salienta o “comprometimento com os Jogos”, assegurando que “não há necessidade de decisões drásticas”.