As comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio vão manter-se, mas em moldes muito diferentes do que é tradicional. A pandemia exige medidas restritivas que obrigam a que todas as celebrações estejam a ser repensadas.
O desfile do 25 de Abril , um dos pontos altos das comemorações da Revolução dos Cravos, já foi cancelado. Como «não é viável fazer comemorações de rua, decidiu-se anular algumas das iniciativas, manter outras e inventar uma especial», explica ao SOL Vasco Lourenço. Opresidente da Associação 25 de Abril faz um apelo à população para que às 15 horas (hora habitual do início da manifestação na Avenida da Liberdade) pare o que está a fazer para cantar a canção Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso, que foi uma das senhas do movimento dos capitães. «As pessoas que estiverem em casa, provavelmente a maioria, vão às janelas ou às varandas e cantem o Grândola, Vila Morena», diz Vasco Lourenço.
A sessão solene no Parlamento deverá manter-se embora com ajustamentos à situação que o país está a atravessar. O presidente da Assembleia da República já garantiu que «haverá comemorações». Ferro Rodrigues quer ouvir os partidos para definir os moldes das comemorações, mas a sessão solene deverá acontecer sem convidados e com menos deputados no plenário.
O PCP já se manifestou a favor de que a sessão solene deve manter-se com as restrições impostas pela pandemia. «As condições em que o plenário tem funcionado correspondem ao cumprimento de regras determinadas para o distanciamento social como medida de defesa da saúde pública. Cumprindo-se esse critério, não há razão para que não seja realizada uma sessão solene comemorativa do 25 de Abril», disse à agência Lusa João Oliveira, líder parlamentar. A regra tem sido realizar as reuniões apenas com 46 deputados.
As comemorações do 1.º de Maio também vão ser adaptadas à necessidade de prevenir a propagação do coronavírus. CGTP e UGT estão a estudar alternativas às comemorações tradicionais. ACGTP ainda vai analisar em que moldes vai organizar as comemorações. AUGTjá «cancelou as comemorações tradicionais deste ano, que teriam lugar em Vila Real, por razões de segurança e saúde públicas». O sindicato liderado por Carlos Silva está a avaliar de que forma irá assinalar o Dia do Trabalhador. «Nas atuais circunstâncias, não temos ainda condições para perspetivar de que forma iremos proceder. Mas que algo faremos, isso é garantido», diz ao SOL fonte da UGT.
O Presidente da República também cancelou as comemorações do 10 de Junho na Madeira e na África do Sul. Marcelo explicou que esta celebração «implicaria a movimentação de centenas de militares» e «grandes aglomerações». As comemorações vão realizar-se em Lisboa com «os cuidados impostos pelas circunstâncias».