Gilberto Aparecido “Fuminho” dos Santos, de 49 anos, é um homem ambicioso. O dirigente de topo do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das mais poderosas fações criminosas do Brasil, já controlava muito do tráfico de armas e de droga em Moçambique e planeava expandir-se para o resto do sul de África, acusam as autoridades. Foi detido na segunda-feira, num hotel de luxo em Maputo, o Montebelo Indy, após mais de 20 anos em fuga.
“O preso era considerado o principal fornecedor de cocaína para operações de gangues no Brasil. Além de ser responsável pelo envio de toneladas de droga para vários países”, lia-se num comunicado da polícia brasileira. Com Fuminho, foram detidos dois cidadãos nigerianos, sendo apreendidos 15 telemóveis, 100 gramas de marijuana e três passaportes. O número dois do PCC acabara de regressar de uma clínica, onde tratara um ferimento numa perna.
“A prisão do Fuminho é um terramoto para o equilíbrio interno do PCC e pode afetar o controle do PCC na importação de parte da cocaína para o Brasil”, considerou Rafael Alcadipani, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, citado pelo G1.
Segundo os investigadores, Fuminho tinha carta branca para gerir os investimentos internacionais do grupo. Seria a peça-chave na ligação à máfia calabresa, a ‘Ndrangheta, e terá estado por trás da fuga de 75 presos no Paraguai, em janeiro. Agora, pretendia investir no continente africano, com ajuda de aliados de longa data, sobretudo nigerianos.
Fuminho terá sido o financiador de um plano de resgate de Marcos Herbas “Marcola” Camacho, atual líder do PCC, condenado a 330 anos de prisão. Este acabaria por ser transferido para a Penitenciária Federal de Brasília, devido ao risco de fuga.
Marcola e Fuminho são amigos de infância. Em 2018, este último terá orquestrado o homicídio de Rogério Jeremias “Gegê” de Simone, um tenente de Marcola acusado de não se esforçar na libertação do líder. A resposta foi uma guerra interna, que continua, dentro e fora de prisões.