Britânicos negros com quase o dobro de mortalidade por covid-19

Estima-se o mesmo para populações de origem paquistanesa ou do Bangladesh. O fosso parece ser económico: a diferença de mortalidade entre regiões ricas e pobres também é quase o dobro. 

As pessoas negras do Reino Unido têm mais 1,9 vezes mais probabilidade de morrer da pandemia de covid-19 que brancos, segundo um estudo do instituto nacional de estatística britânico. Estes resultados estão em linha com as estatísticas norte-americanas. Aí, observamos que cerca de 60% das mortes por covid-19 são em regiões com populações são predominantemente negras, apesar de apenas 13,4% da população dos Estados Unidos ser afrodescendente, segundo um estudo levado a cabo por quatro universidades norte-americanas

“A diferença entre grupos étnicos na mortalidade da covid-19 é parcialmente resultado de desvantagens socio-económicas”, declarou o Office for National Statistics. Nos EUA, a análise é a mesma. As populações negras têm em média muito menos acesso a saúde e sofrem de mais doenças crónicas – ambos fatores de risco face à pandemia. Já o estudo britânico acrescenta que também que entre os homens de origem paquistanesa e do Bangladesh também são desproporcionalmente afetados, com 1,8 vezes a probabilidade de morrer da covid-19, e as mulheres da mesma origem 1,6 vezes. 

O estudo britânico não descarta o impacto de diferenças genéticas entre populações. Mas importa lembrar que, ainda a semana passada, outro estudo do Office for National Statistics mostrou que a probabilidade de se morrer de covid-19 nas áreas mais pobres do Reino Unido é também quase duas vezes superior à de se morrer nas regiões mais ricas. "Os dados de hoje são uma dura lembrança que, apesar de estarmos todos a enfrentar a mesma tempestade, não estamos todos no mesmo barco", declarou Helen Barnard, da Fundação Joseph Rowntree, dedicada a enfrentar a pobreza no país, citada pelo Independent.