O ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, vai permanecer no Governo, de acordo com o comunicado partilhado pelo gabinete do primeiro-ministro, emitido depois do final da reunião entre Centeno e primeiro-ministro, António Costa. Tudo depois da polémica em torno das injeções financeiras no Novo Banco ter sido um dos tópicos mais falados do dia. "Nesta reunião ficaram ainda esclarecidas as questões relativas à falha de informação atempada ao Primeiro-Ministro sobre a concretização do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, que já estava previsto no Orçamento de Estado
para 2020, que o Governo propôs e a Assembleia da República aprovou", pode ler-se na nota emitida pelo Governo.
António Costa, recorde-se, garantira que o Novo Banco não recebia mais dinheiro do Estado até resultados de auditoria, mas recebeu. O primeiro-ministro explicou entretanto não ter sido informado pelo Ministério das Finanças do pagamento de 850 milhões de euros – que, afinal, aconteceu – e pediu desculpa. “Não tinha sido informado que, na véspera, o Ministério das Finanças tinha procedido a esse pagamento”, confessou António Costa, justificando assim o facto de ter garantido a Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, que nenhum pagamento tinha sido feito.
Já esta esta terça-feira, Mário Centeno disse que houve uma "falha de comunicação" com António Costa sobre a transferência para o Fundo de Resolução do Novo Banco. No entanto, o ministro das Finanças assegurou que Costa sabia que o valor estava previsto no Orçamento de Estado (OE).
A verdade é que a injeção gerou polémica na Presidencia da República e entre o Governo. Rui Rio disse mesmo que Mário Centeno "não tem condições para continuar no Governo". Além do líder do PSD também outros partidos mostraram a sua vontade de ver Mário Centeno fora do Governo, como o BE, o PAN e o Chega.
A nota do Governo termina com António Costa a reafirmar "publicamente a sua confiança pessoal e política no Ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno".
O comunicado do Governo sobre a reunião entre Mário Centeno e António Costa:
O Primeiro-Ministro e o Ministro de Estado e das Finanças tiveram hoje uma reunião de trabalho, no quadro da preparação da próxima reunião do Eurogrupo, que terá lugar sexta-feira, e da definição do calendário de elaboração do
Orçamento Suplementar que o Governo apresentará à Assembleia da República durante o mês de Junho. Nesta reunião ficaram ainda esclarecidas as questões relativas à falha de informação atempada ao Primeiro-Ministro sobre a concretização do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, que já estava previsto no Orçamento de Estado
para 2020, que o Governo propôs e a Assembleia da República aprovou. Ficou também confirmado que as contas do Novo Banco relativas ao exercício de 2019, para além da supervisão do Banco Central Europeu, foram ainda auditadas previamente à concessão deste empréstimo: – em primeiro lugar, pela Ernst & Young, auditora oficial do
banco; – em segundo lugar, pela Comissão de Acompanhamento do mecanismo de capital contingente do Novo Banco, composta pelos Dr. José Bracinha Vieira e pelo Dr. José Rodrigues de Jesus; – e ainda pelo Agente Verificador designado pelo Fundo de Resolução, Oliver Wyman. Este processo de apreciação das contas do exercício de 2019, não compromete a conclusão prevista para julho da auditoria em curso a cargo da Deloitte e relativa ao exercício de 2018, que foi determinada pelo Governo nos termos da Lei nº 15/2019, de 12 de fevereiro. O Primeiro-Ministro reafirma publicamente a sua confiança pessoal e política no Ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno.