Três milhões de máscaras com um certificado inválido ou falso terão sido vendidas à Direção-Geral da Saúde (DGS) pela empresa Quilaban, que pertence ao ex-presidente da Associação Nacional de Farmácias, João Cordeiro. Estas máscaras são de proteção FFP2 e utilizadas por profissionais de saúde.
Segundo avança o jornal Público, o preço das encomendas deste equipamento, feitas por ajuste direto a 7 de abril, ronda os nove milhões de euros. E foram entregues à DGS depois de terem sido alegadamente fabricadas pela Gansu Changee Bio-pharmaceutical.
Em jeito de reação, o diretor-geral da Quilaban, Sérgio Luciano, falou sobre a “aparente qualidade” das máscaras e garantiu existirem problemas com este equipamento de proteção que, segundo o Ministério da Saúde, não chegou a ser distribuído. “Até ao esclarecimento cabal não será efetuado qualquer pagamento”, avançou. O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, também garantiu ontem que as máscaras vendidas não foram distribuídas nem pagas. “A Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, enquanto central de compras, já solicitou esclarecimentos ao fornecedor sobre esta matéria”, adiantou, durante a conferência de imprensa diária de atualização de números alusivos à covid-19 em Portugal.
Certo é que a certificação do material havia sido emitida no dia 16 de março pela empresa ICR Polska, mas foram detetadas fraudes que, mais tarde, vieram a anular os certificados desse mês. Foi através do site oficial que a entidade polaca comunicou a não existência do número de certificado. Mas, mesmo que existisse, não seria válido, uma vez que a empresa não se encontra com acreditação para certificar equipamentos de proteção para profissionais de saúde.
Além disso, a qualidade e a segurança do material são também colocadas em causa. A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), por exemplo, detetou irregularidades que podem indiciar autos por “falta de conformidade” e “fraude sobre mercadorias”.
No que respeita à homologação de máscaras, e tal como já foi revelado pelo i, há empresários a queixar-se da falta de rapidez da certificação e também do facto de não saberem o porquê de os equipamentos não estarem a ser homologados em fábricas que até têm o tecido aprovado.
entidades que certificam O Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e Vestuário (Citeve) é a entidade que faz a certificação das máscaras, de acordo com as recomendações da DGS, em colaboração com o Governo. Mas o ISQ, polo tecnológico nacional vocacionado para a indústria, tecnologia e inovação, também faz esse trabalho. “O ISQ disponibiliza aos fabricantes os ensaios necessários para a qualificação de máscaras de uso comunitário Nível 2 e Nível 3”, avançou em comunicado.
Ontem, recorde-se, os números diários da DGS indicaram mais 15 mortes em 24 horas devido ao novo coronavírus, e mais 226 novos casos em relação ao dia anterior. Estes resultados revelaram que este foi o sábado com mais casos diagnosticados desde o início de maio e o maior aumento de sempre de doentes recuperados, com mais 814 pessoas nesta situação.
A partir de hoje, Portugal entra numa nova fase de desconfinamento. Restaurantes, creches e escolas do ensino secundário para o 11.o e 12.o anos vão reabrir. Lojas até 400 metros quadrados também abrem novamente ao público.