Mais de 460 enfermeiros sem sintomatologia de covid-19 que estiveram em contacto com doentes estão em isolamento e afastados de funções sem terem realizado o teste, afirmou hoje a Ordem dos Enfermeiros (OE).
Estes profissionais encontram-se em vigilância ativa, de acordo com o inquérito realizado pela Ordem para conhecer a situação no terreno.
Os resultados indicam que 464 enfermeiros sem sintomatologia estão em isolamento sem a realização de teste, o que corresponde a 74% dos que tiveram exposição de alto risco com doentes infetados, em vigilância ativa. Há outros 164 a aguardar teste ou resultado.
"Estes números vêm, mais uma vez, corroborar aquilo que tem sido denunciado pela OE relativamente à testagem dos profissionais de Saúde: Nem todos os que tiveram contacto de alto risco de exposição com doentes Covid-19 foram testados, designadamente os profissionais sem sintomatologia", refere a estrutura em comunicado.
O inquérito realizado pela OE, ao qual responderam mais de 25.000 enfermeiros desde 07 de abril, mostra que, pelo menos, 751 enfermeiros foram infetados e 189 estão curados.
"No entanto, além dos profissionais em vigilância ativa, há atualmente 2.721 em vigilância passiva, na sequência de contactos indiretos, dos quais 2.332 em exercício de funções sem a realização de teste", lê-se no documento.
A Ordem sublinha que a orientação 13/2020 da DGS, onde constam os procedimentos a adotar pelas instituições relativamente aos profissionais de saúde expostos à Covid-19, só prevê a realização de teste aos que desenvolvam sintomas, ao contrário do que tem sido defendido pela organização representativa da classe.
Por outro lado, um rastreio desenvolvido pela Fundação Champalimaud, ao qual a OE se associou, "revelou que o número de enfermeiros e assistentes operacionais que foram infetados com Covid-19 pode ser 10 vezes superior aos casos identificados", de acordo com a amostra dos dois maiores centros hospitalares do País onde este projeto, de realização de testes serológicos, foi adotado.
A OE pretende que seja alterada a orientação para a realização de testes aos profissionais de saúde, sobretudo na fase da retoma assistencial das unidades de saúde.