Os relatórios de vigilância oriundos da PIDE/DGS — entre outra documentação atribuída à delegação da polícia política do Estado Novo no Porto, colocada recentemente à venda em leilão eletrónico por uma mulher que os terá herdado do pai e logo apreendida pela Polícia Judiciária desta cidade — são autênticos e o seu autor foi agora localizado por uma investigação do SOL. Trata-se de João Baptista Pinho, antigo agente de segunda classe da PIDE/DGS no Porto, que assume a elaboração desses documentos, que estão agora à guarda das autoridades judiciais.
João Baptista Pinho ingressou no quadro técnico auxiliar de investigação da PIDE a 26 de setembro de 1970 – pouco depois de, por indicação de Marcello Caetano (o Chefe de Governo que sucedeu a António Salazar), a unidade repressiva secreta do anterior regime ter deixado de se chamar Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) para se designar Direção-Geral de Segurança (DGS).
A documentação foi confiscada no dia 23 do mês passado, depois de a Diretoria do Norte da PJ ter sido alertada pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) para o anúncio da sua venda que surgira no site OLX. Do lote faziam parte negativos de retratos fotográficos acompanhados das impressões digitais de cerca de 700 pessoas – próprios dos cadastros policiais –, e ainda um dossiê com a compilação de informações sobre umas duas centenas de indivíduos, que se inicia a 13 de novembro de 1971 e termina a 12 de outubro do ano seguinte.
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