Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, esta segunda-feira, que desde que a fase de desconfinamento teve início, a 18 de maio, “há aspetos positivos”, nomeadamente no que diz respeito à tendência diminutiva do número de internados – também nos cuidados intensivos –, a diminuição do número de mortes, a evolução “sentida na larguíssima maioria das áreas territoriais do país”, de que deu exemplo as regiões autónomas, Zona Centro, Norte, Alentejo e Algarve.
O Presidente da República acrescentou, após a reunião com o Infarmed, que “não há sinais que as duas primeiras fases de desconfinamento tenham provocado um agravamento dos casos", justificando que o aumento do número de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo era uma “subida retardada no tempo”.
Quanto a esta última região, o Presidente afirmou que houve uma análise muito “cuidadosa” e há pontos que parecem ser “relativamente pacíficos”. Marcelo afirmou que esta região teve sempre tendência a estar estabilizada, ao contrário de outras regiões como a Centrou ou Norte. O número de casos nunca subiu repentinamente, mas “também não desceu a pique, como aconteceu nessas regiões”, acrescentou.
“Uma terceira explicação que também ocorreu foi a de que há uma perceção pela opinião pública de um agravamento na região de Lisboa e Vale do Tejo que é superior ao agravamento efetivo”, afirmou, explicando que a perceção era “injusta” pois, face à lista dos municípios com maior incidência de surto, “nos primeiros dez não está nenhuma região de Lisboa e Vale do Tejo”. “Já esquecemos o que houve de forma muito acentuada no Centro e no Norte em fases anteriores”, afirmou. O presidente acrescentou que estava a ser investigado até que ponto os números se devem a “duas áreas” de trabalho, nomeadamente, da construção civil e do trabalho temporário.
Marcelo afirmou ainda que a igualdade de tratamento de situações será sempre uma questão levantada, alertando ainda para os “fenómenos espontâneos”. “Há fenómenos espontâneos em que não há intervenção prévia das autoridades sanitárias. Querem reuniões, manifestações, como é que aí nesses fenómenos espontâneos não é, sobretudo, a consciência dos cidadãos que mais importante”, afirmou.
“As pessoas têm o dever de fazer tudo para reduzir o contágio", afirmou. Quando questionado sobre a existência de uma duplicidade de critérios, respondeu que os portugueses "saberão fazer o desconfinamento compatibilizando" os direitos democráticos e a situação sanitária.
"Há excepções, a democracia comporta as excepções", afirmou o Presidente, alertando para que em Portugal se consiga o equilíbrio em “não facilitar o excesso, mas também em não entrar em alarmismo em excesso, que não faz sentdo neste processo de desconfinamento".