BdP. PSD não quer Centeno, mas recusa lei feita à medida

Vice-presidente do PSD Morais Sarmento confirmou que a escolha do Governo para o cargo de governador do Banco de Portugal é o ex-ministro das Finanças. Sociais-democratas querem periodo de nojo para os políticos, mas o quadro legal não deve resultar numa “justiça revolucionária”. E Sarmento criticou Marcelo.

O vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento afirmou esta quinta-feira que a escolha de Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal "é desanconselhada " e trata-se de uma opção com a qual o PSD não concorda. 

O PSD já o transmitiu ao Governo nos vários contactos que manteve com o Executivo, ficando claro que será essa a opção da equipa de António Costa. Apesar de ser contra a ida de Centeno para o Banco de Portugal, a escolha do Governo foi considerada "legal e regular" pelo dirigente social-democrata Nuno Morais Sarmento.

Em conferência de imprensa, Nuno Morais Sarmento mostrou-se favorável à criação de um período de nojo para a passagem de políticos para a supervisão, mas a legislação deve incluir também gestores da banca comercial. Em relação à proposta do PAN, que prevê um período de nojo de cinco anos, o PSD contrapõe com dois anos e recusa uma lei ad hominem, ou seja, feita à medida. Por isso, se é certo que os sociais-democratas são contra a ida de Centeno para o cargo de governador do Banco do Portugal, também ficou claro que o PSD não dará a mão ao PAN para fazer aprovar a legislação a tempo de travar esta nomeação. "As leis não se fazem para perseguir pessoas ou resolver problemas concretos” , avisou Morais Sarmento, alertando para aquilo que designou de "justiça revolucionária".

Morais Sarmento começou a conferência de imprensa a recordar a alteração de regime do Banco de Portugal a partir de 1998, que passou a responder ao BCE. Depois, criticou as "infelizes referências feitas ao Estado Novo", referindo às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os exemplos do passado , com ex-ministros das Finanças a passarem para o Banco de Portugal. A título pessoal, Morais Sarmento classificou esta declaração como a "mais incompreensível" de todas sobre este tema, sobretudo porque Marcelo Rebelo de Sousa foi professor catedrático de Direito.