Menos de um ano depois de ter festejado a eleição de quatro deputados, nas eleições legislativas, o PAN enfrenta uma crise interna sem precedentes. As demissões continuam devido a divergências com a direção. Depois de Francisco Guerreiro, único eurodeputado do partido, foi a vez de os três membros que compunham a Comissão Política do PAN na Madeira baterem com a porta.
João Freitas, Ana Mendonça e Isabel Braz deixaram o PAN em rutura com a direção que acusam de assumir “o controlo total” do partido.
Os três elementos do PAN fazem duras críticas à direção de André Silva e lamentam, em comunicado, “um excesso de autoridade crescente imposto por um núcleo duro na direção do partido, fechado sobre si próprio, que aos poucos vai assumindo o controlo total do PAN, que toma as decisões de forma unilateral, e não é minimamente tolerante com quem apresenta ideias diferentes ou que põe em causa o atual estado das coisas”.
Os deputados também são criticados por tomarem decisões “quase sempre contra os interesses” dos madeirenses e dos porto-santenses. “Este não é o PAN em que acreditámos. Continuamos a identificar-nos com os valores e princípios que nos levaram a filiar no PAN, e informamos a todos e a todas que, dentro das nossas possibilidades continuaremos a lutar por eles incansavelmente”.
A direção do PAN reagiu de imediato ao comunicado dos contestatários e também foi dura nas críticas. Uma nota da Comissão Política Permanente acusa os demissionários de “falta de competência política” e “falta de vontade em dar seguimento ao trabalho político fora do período eleitoral”.
A direção nacional afirma que “os responsáveis do PAN/Madeira, agora demissionários, não desenvolveram a ação política e partidária necessária para concretizar o projeto regional com que se haviam comprometido. Fracasso patente, aliás, nos resultados eleitorais das eleições de 2019 para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira”.
O partido desmente as acusações dos críticos e garante que “é falso que o Grupo Parlamentar não tenha consultado o PAN na Madeira sobre as matérias relacionadas com a região autónoma” e “não corresponde à verdade” o “argumento do estrangulamento financeiro”.
As divergências internas deixam o partido que nasceu para defender os animais sem representação na Madeira. A saída de Francisco Guerreiro, há uma semana, já tinha levado a que o PAN perdesse o único deputado no Parlamento Europeu.
Francisco Guerreiro justificou a demissão com “divergências políticas” com a direção. “Tem existido um constante afastamento de alguns princípios fundadores do partido que fazem com que, em consciência, não me reveja em várias das decisões tomadas”, disse, na altura, o eurodeputado. Sandra Marques, mulher do eurodeputado, deputada municipal em Cascais e membro da Comissão Política Nacional, também se desvinculo do PAN com o argumento de que existe “falta de vontade em descentralizar e incluir ideias fora do núcleo duro”.
O PAN foi uma das surpresas das últimas eleições legislativas, há menos de um ano, por ter conseguido eleger quatro deputado. O sucesso eleitoral não impediu o aparecimento de divergências internas. O partido de André Silva já garantiu que aproveitará este “momento político da vida do partido” para promover uma “renovação interna e apresentação de novos atores que consigam conceber junto dos cidadãos uma estratégia local, nacional e europeia realista, consequente e de longo prazo”.