Dezenas de templos tomados, confrontos nas ruas e homens armados supostamente contratados para matar pastores angolanos. A congregação de Angola da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) está em estado de guerra civil, após acusações de que responsáveis da igreja teriam enviado ilegalmente divisas do país africano para o estrangeiro e forçado pastores locais a fazer vasectomias. A IURD fala em calúnias da imprensa e de pastores dissidentes, acusando estes últimos de «atos criminosos, beirando ao terrorismo, além da inércia de algumas autoridades competentes», num comunicado divulgado no Facebook. Já os dissidentes garantem que a igreja se recusou a negociar, acabando por levar a «uma compulsão no sentido de se reaver património angolano». As palavras são de Dinis Bundo, identificado com um dos seus porta-vozes, numa conversa telefónica com o SOL.
A polémica não é nova, mas escalou nos últimos dias. No final do ano passado, soube-se que a Procuradoria-Geral da República angolana abriu duas investigações à IURD: uma para apurar se houve envio de dinheiro para o exterior ilegalmente, outra por denúncias de atos contra a integridade física de religiosos angolanos, como vasectomia forçadas, segundo noticiou a RFI. As autoridades já recebiam queixas desde de janeiro de 2019, mas estas voltaram em novembro, num manifesto subscrito por mais de 300 pastores angolanos, liderados pelo bispo Valente Bezerra Luiz, então vice-presidente da igreja em Angola.
Na altura, ainda na fase de apuramento de provas, as autoridades chegaram a equacionar o encerramento das atividades da IURD em Angola, caso as denúncias fossem comprovadas. Já a IURD disse à rádio francesa estar «serena, aguardando o andamento da processo de instrução»: «Até o momento não se sabe nem se a igreja será acusada».
*com Carlos Diogo Santos
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