Determinismo

A decisão de abdicar de algo em detrimento de outro algo, acontece como consequência da colisão entre escolhas que são mutuamente exclusivas, ou seja, que não podem existir em simultâneo na vida de um indivíduo…

No passado, o Homem foi altamente dependente do seu meio, e em muitos casos, da família, religião e contexto determinavam o desfecho das vidas de comunidades e nações inteiras. Para ser-se nobre, tinha de nascer-se no seio da família que assim o era.

Contudo, mudaram-se os tempos, as vontades, e hoje (felizmente) a maior parte do país dispões de oportunidade para mudar o curso de qualquer que seja a sua circunstância atual. Já não são poucos os casos de jovens com curso superior terminado ou prestes a terminar, que contrariaram a ausência de formação para além da quarta classe dos seus pais. Tal acontece fruto de um conjunto de fatores sociais e económicos que nos permitem hoje, se descontentes, mudar o rumo das coisas.

Ainda assim, nem sempre a perspetiva que apresento ao leitor é consensual. Por vezes deparamo-nos com mentalidades deterministas nos conflitos normais do quotidiano, nos quais se opõem as posturas de busca de compreensão pelas causas últimas de um facto para a sua mudança, e a postura de abraço ao aparente inevitável. Sou da opinião que a compreensão das causas do que se nos sucede na vida oferece a possibilidade de mudarmos o curso para algo mais próximo, mesmo que imperfeito, de uma realidade melhor. Se assim não fosse, de nada valeria aos médicos conhecerem o corpo humano, bactérias e vírus, no combate aos sintomas e suas origens.

A busca de compreensão e conhecimento apresenta-se como uma forma eficaz de decidir com mais assertividade. Dizer que ‘sim’ e permitir ou dar espaço a algo na nossa vida implica automaticamente dizer que não a muitas outras coisas, como por exemplo, decidir-se por veganismo implica não comer carne. Normalmente, a decisão de abdicar de algo em detrimento de outro algo, acontece como consequência da colisão entre escolhas que são mutuamente exclusivas, ou seja, que não podem existir em simultâneo na vida de um indivíduo. Porém, quando temos consciência do porquê das coisas, a tomada de decisão é facilitada, uma vez que a decisão entre duas possibilidades que não podem existir simultaneamente passa a prender-se com o grau em que a mesma está relacionada com a razão pela qual cada indivíduo age ou busca determinado objetivo, tornando-se a coerência natural.

Em termos profissionais, e especialmente para aqueles que, de alguma forma iniciaram recentemente ou vão iniciar brevemente a sua viagem pelo mercado de trabalho, compreender o porquê e, em especial, a causa original das coisas, é um pequeno grande passo para uma contribuição brilhante e crítica ao paradigma vigente, no qual é assente a base do processo de inovação: questionarmo-nos sobre tudo.

Em suma, acredito que conhecermo-nos e às forças que nos movem constitui uma vantagem competitiva no que diz respeito ao caminho que um jovem trabalhador tem de percorrer. Nunca as circunstâncias nos condicionaram tão pouco e, por essa razão, nunca estiveram disponíveis ao leitor, tantas ferramentas para ser quem deseja e, espero, quem trabalha para se tornar.