Ao fim de 128 dias e dez reuniões, os encontros entre políticos e especialistas, no Infarmed, chegam ao fim. A maior parte dos partidos mostrou desagrado com o anúncio e defendeu que as reuniões deveriam continuar a acontecer.
O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, foi o primeiro a intervir, já depois de o Presidente da República falar, e agradeceu o papel dos especialistas, realçando que parece estar a haver uma estabilização dos números, ainda que subsistam problemas e novos surtos. O dirigente destacou que o R – a taxa de contágio – está ao nível do previsto para a fase de desconfinamento.
Já o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite avisa que “se falharmos na resposta na região de Lisboa e Vale do Tejo, falhamos ao país”, alertando ainda para o número da mortalidade nesta região. O parlamentar acrescentou ainda que foi dada a garantia de que está a ser feito o controlo e que o isolamento de casos secundários está acautelado na zona de Lisboa e Vale do Tejo.
Da reunião ficou claro que há 48 surtos fora da região da grande Lisboa. Há duas semanas eram doze.
O deputado José Manuel Pureza, do BE, disse que o país não aceita que haja discrepâncias nos dados por prestadores ao SNS. O parlamentar considerou que, após o fim destas reuniões, caberá ao Parlamento fazer o seu papel.
O PCP começou por criticar Rui Rio durante a sua intervenção, depois de o líder do PSD considerar que estas reuniões não têm grande utilidade. “É importante retomar estas reuniões, nem que seja mais a frente”, declarou Jorge Pires, dirigente comunista.
O PCP avisou ainda que não se deve diabolizar as estruturas de saúde pública, mas antes reforçar a sua capacidade de resposta.
António Carlos Monteiro, vice-presidente do CDS, também lamentou que estas reuniões tenham chegado ao fim. “A existência destas reuniões é muito importante para o CDS”, disse.
“Não há nenhum milagre português”, avisou o dirigente centrista. “Não é com menos informação que isto se resolve”, afirmou António Carlos Monteiro, lançando um apelo para que as reuniões sejam retomadas.
Dulce Arrojado, do PEV, realçou, tal como os anteriores partidos, a importância destas reuniões. “Na nossa opinião deveriam continuar a acontecer “, defendeu a dirigente ecologista.
Já André Ventura, do Chega, foi mais longe e falou em “concertação” entre o líder do PSD e o primeiro-ministro.
“É de estranhar” que depois de o líder do PSD ter questionado a utilidade destas reuniões, o primeiro-ministro tenha colocado um ponto final nestas iniciativas, alertou André Ventura, do Chega.
Para Ventura o que aconteceu foi uma “concertação” entre o líder do PSD e o primeiro-ministro, “com a passividade” do Presidente da República.
O Chega disse ainda que percebeu que acabou o modelo de reuniões pelo facto de não se ter anunciado nova reunião no final do encontro. Mais, Ventura diz que soube que as reuniões tinham acabado oficialmente quando ouviu o Presidente da República a explicar aos jornalistas que era o fim de um ciclo.
Em todas as reuniões, o primeiro-ministro terminava o encontro avisando que dali a 15 dias haveria nova sessão. Desta vez nada foi dito.
A Iniciativa Liberal fechou as intervenções e lamentou que este modelo tenha chegado ao fim. O partido apontou falhas mas defendeu que os encontros se deveriam manter.
O R nacional é de 0,98 e em Lisboa e Vale do Tejo é de 0,97.