Com máscaras, desinfetante à entrada e calculadoras sem sair das mãos dos alunos. Este ano foi assim o exame nacional de uma das disciplinas centrais para o acesso ao ensino superior dos alunos de ciências. O exame de Matemática A tinha cerca de 39 mil alunos inscritos entre o total de 79 570 estudantes que enfrentam as últimas provas do secundário em ano de pandemia. A prova de Matemática A não foi classificada pelos estudantes nem de muito fácil nem de muito díficil. “Não era muito difícil, mas as perguntas da matéria de 12.o eram um pouco mais complicadas do que as da matéria do 10.o e 11.o”, disse ao i uma professora de Matemática na Grande Lisboa.
Os alunos estavam nervosos, não pelas regras a que já vão estando habituados, mas pela prova em si, e este ano era importante para todos os que a fizeram, já que só tinham de comparecer os que precisam desta nota específica para aceder ao curso ou para ter positiva a Matemática e concluir o secundário. “Nervosos estão sempre, mas é mais por isso do que pelas regras, que já vão sendo corriqueiras”, diz a mesma docente, que acredita que as notas dos alunos medianos poderão melhorar. Este ano, os exames têm perguntas opcionais em que só contarão as melhores respostas. No de Matemática havia quatro perguntas de resposta obrigatória e das outras 14 contarão as oito melhores. “A sensação que tenho é que, nos alunos medianos, as notas poderão subir; nos bons alunos, será idêntico”, diz a professora.
É aí que pode vir a estar o problema e um dos debates daqui para a frente. A Sociedade Portuguesa de Matemática considerou insuficiente a adaptação da prova e salientou que, enquanto membro do conselho científico do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), foi ignorada neste processo. A sociedade considera que os itens de maior complexidade da prova estavam perdidos entre os 14 opcionais e o possível nivelamento das notas é visto com apreensão: “A SPM considera infeliz a adaptação feita à prova pelo IAVE, sendo certo que o sistema encontrado de itens facultativos vai concentrar as classificações dos alunos, tornando-se extremamente difícil, se não mesmo impossível, seriar de forma justa os futuros candidatos ao ensino superior, esperando-se igualmente um planalto das classificações mais altas”, lê-se no parecer dos docentes. “Com uma prova com estas características, o esforço e o empenho dos alunos não são recompensados”.
O presidente do IAVE já admitiu um possível aumento de notas com este modelo de perguntas opcionais, não antevendo no entanto grandes diferenças. Será preciso esperar até 3 de agosto, dia em que saem os resultados, para saber.
Apesar da velha conotação da Matemática – um bicho-papão que para alguns alunos começa logo no 5.o ano e em casa, disse a professora ouvida pelo i -, no ano passado, as notas mais baixas não foram a esta disciplina, mas sim a Filosofia (média de 9,8), Física e Química A (10), Geografia A (10,3), e Biologia e Geologia (10,7). Além do exame de Matemática A realizou-se também esta quarta-feira o exame de Matemática B e MACS, disciplinas que terminam no 11.o ano e que são menos vezes necessárias para entrar na faculdade. A primeira fase de exames prolonga-se até dia 23 mas, agora, das cadeiras de 12.o ano já só falta Desenho A, que tem lugar hoje. Sexta-feira realizam-se as provas de Biologia e Geologia. Na próxima semana seguem-se Economia, Alemão, Inglês, Geometria Descritiva A e Literatura Portuguesa, todas disciplinas de 11.o ano. Os alunos que por causa da covid-19 não tenham podido realizar a prova terão a 2.a fase em setembro, mas a nota contará para candidaturas da 1.a fase de acesso ao ensino superior, que arranca a 7 de agosto.