CDS recusa participar em “folclore político” com Marcelo em Ovar

Estrutura partidária local não poupa críticas. “Nós merecemos respeito; chega de circo”, diz presidente da concelhia. “Vai ser a segunda vez que Marcelo Rebelo de Sousa vem a Ovar e traz uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”, afirma deputado municipal.

O CDS-PP de Ovar fez saber, esta segunda-feira, que não participará nas cerimónias locais, no próximo sábado, a propósito do dia do município, que contarão com a presença do Presidente da República.

A estrutura partidária local considera que se trata de uma iniciativa de "folclore político", que não beneficia Ovar, que esteve sob cerco sanitário devido à covid-19.

Para o presidente daquela concelhia do CDS-PP, Daniel Malícia, é preciso "dar um 'grito' de protesto" contra este tipo de iniciativas que, segundo o dirigente, não se revestem de apoios efetivos ao tecido económico e social do concelho após a paragem a que o território esteve obrigado devido à quarentena geográfica para contenção do vírus SARS-CoV-2.

"Ovar já deveria ter tido medidas de apoio especiais à economia por parte do Estado, mas temos um Governo que ignora as nossas circunstâncias, que foram diferentes do resto do país, e temos um presidente da Câmara que acolhe esses mesmos governantes porque se fascina com o mediatismo que isso lhe dá, esquecendo-se, porém, que o município sai penalizado com tanta associação à pandemia na comunicação social", afirmou.

“Fazemos questão de nos demarcar deste folclore político que só beneficia o presidente da Câmara para as suas ambições políticas e de nada serve a Ovar. Nós merecemos respeito; chega de circo e ajudem-nos com medidas concretas que até agora não apareceram", acrescentou, citado pela agência Lusa.

Posição semelhante é assumida pelo deputado do CDS-PP na Assembleia Municipal de Ovar, Fernando Camelo Almeida, que também se recusa a participar nas cerimónias. "Vai ser a segunda vez que Marcelo Rebelo de Sousa vem a Ovar e traz uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma", sublinhou.

"Não necessitamos de tanto 'show off'. Bem sabemos que o presidente da Câmara e o Presidente da República são especialistas nessa matéria, mas um município que esteve em condições excecionais tem que ter medidas de apoio económicas excecionais, e necessitamos de ajuda para evitar que o nosso comércio local morra de vez", acrescentou o deputado municipal.

Fernando Camelo Almeida vai mais longe nas suas críticas e considera que se trata de “um gozo com as pessoas de Ovar todo este folclore político que se tem feito à volta da covid-19 e que apenas tem contribuído para uma associação do concelho à pandemia e para a promoção pessoal do presidente da Câmara, servindo as suas aspirações políticas".

Já o presidente da Câmara Municipal de Ovar, questionado pela agência Lusa, sublinhou que o CDS não devia confundir as funções de Marcelo Rebelo de Sousa com as do Governo.

"Vejo com enorme tristeza essa postura do CDS, considerando que vai ser a primeira vez que Ovar celebra o Dia do Município com um presidente da República em mais de 20 anos", disse Salvador Malheiro.