Os resultados do primeiro inquérito serológico para avaliar que percentagem da população nacional já esteve exposta ao vírus já estão concluídos. O trabalho conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge foi apresentado esta manhã à comissão de acompanhamento do projeto. Segundo o i apurou, foi apurada a nível nacional uma prevalência de anticorpos para o novo vírus de 2,9%, o que extrapolando os resultados significa que cerca de 300 mil portugueses terão tido em algum momento contacto com o vírus. Tendo em conta que até esta semana foram diagnosticados no país 49 mil casos de covid-19, terá havido assim seis vezes mais casos de infeções.
Os resultados, que segundo o i apurou serão apresentados detalhadamente na próxima semana, surgem em linha com outros estudos serológicos que têm sido feitos no país a nível local, sendo que este é o primeiro de base populacional, ou seja com uma amostra representativa da população.Todos têm apontado para mais casos do que os que são diagnosticados, o que estará ligado a sintomatologia ligeira e casos assintomáticos, mas também para uma imunidade populacional ainda relativamente baixa na população portuguesa. A prevalência de anticorpos em 2,9% da população, agora determinada, é inferior por exemplo à apurada em Espanha, onde o inquérito serológico nacional apurou que 5% da população desenvolveu anticorpos para o vírus. O estudo espanhol, que já foi integralmente publicado, mostrou no entanto diferenças regionais e também entre grupos profissionais, sendo a prevalência de anticorpos superior nos profissionais de saúde.
O INSA anunciou no início do mês que seriam realizados três novos estudos sobre imunidade à Covid-19, dedicados a pessoas infetadas com o novo coronavírus, profissionais de saúde e mães e recém-nascidos. “Vamos fazer uma determinação que não tem a ver só com os anticorpos totais, mas também com aquilo a que chamamos imunoglobinas, para de um modo mais fino percebermos o tipo de imunização e o tipo de anticorpos que a população portuguesa eventualmente poderá ter, nomeadamente no que se refere à proporção dos positivos”, explicou na altura o presidente do INSA Fernando Almeida.
As colheitas para o inquérito serológico, feitas em laboratórios de análises de forma aleatória, foram feitas num período de cinco semanas e ficaram concluídas a 9 de julho. Ao todo, foram recrutados para o estudo 2300 participantes, incluindo crianças.