Depois das declarações de António Costa esta quinta-feira, que comparavam a criação de um bloco central com “caçar gambozinos”, Rui Rio não quis ficar calado e chegou-se à frente para falar sobre a relação entre PS e PSD. Mas não existe relação, sublinhou o líder dos sociais-democratas: “Não sei se o bloco central se vai à procura com um saco”.
“É com um saco, no escuro da noite, que se apanham os gambozinos”, disse Rui Rio à saída de um encontro com os profissionais de saúde de Portimão, acrescentando que “se andarem também com um saco a pedir ao bloco central para entrar, mesmo de noite ou de dia, o bloco central não cai no saco”.
Rui Rio falou também do orçamento suplementar, que teve luz verde do PSD no início de julho, e ainda sobre a abstenção do PS na proposta colocada em cima da mesa pelos sociais-democratas relativamente aos apoios para os sócios-gerentes.
Rio disse que os “comentadores políticos” falam da criação de um bloco central por causa destas decisões. Mas, “se o conceito de bloco central for esse, então temos bloco central, como temos à esquerda e à direita”, acrescentou. “Temos blocos todos os dias. Se o conceito de bloco central for um governo nacional integrar elementos do PSD e do PS, independentemente de o primeiro-ministro ser de um ou outro consoante o resultado eleitoral ditar — como eu considero —, efetivamente não vejo neste momento qualquer necessidade”.
Esta quinta-feira, em entrevista à revista Visão, o primeiro-ministro admitiu que “seria um erro” repetir o bloco central, afastando assim qualquer hipótese de união com a direita. Aliás, “uma das razões pelas quais o país tem sido bastante resiliente à emergência de populismos é o facto de ter sido possível encontrar alternativas”, apontou o primeiro-ministro.
Na mesma entrevista, António Costa falou ainda sobre os 58 mil milhões de euros que Portugal vai receber de Bruxelas: “Não nos podemos queixar da falta de poder de fogo. Só nos podemos queixar se não formos capazes de definir um plano de batalha, e não acertarmos bem a nossa pontaria. A Europa fez a sua parte. Agora compete aos países não estragar o plano”.