“Entre março e junho de 2020, em apenas três meses, o desemprego oficial aumentou em 4100, mas o desemprego real subiu em 109 600, ou seja, 26,7 vezes mais”. O alerta é do economista Eugénio Rosa que acrescenta que número de desempregados divulgados, na última semana, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) “não considera para cálculo do ‘desemprego oficial’ todos os desempregados que no período em que se fez o inquérito não procuraram emprego, apesar de serem trabalhadores no desemprego (os chamados ‘inativos disponíveis’ que em junho de 2020 já somavam 305 000, quase tanto como desemprego oficial).
Segundo o INE, a taxa de desemprego aumentou para 7% em junho, e a população desempregada era, nesse mês, de 350,9 mil pessoas – um aumento de 21,2% (+61,3 mil) em relação ao mês anterior, de 10,6% (33,7 mil) relativamente a três meses antes e de 3,0% (10,0 mil) por comparação com junho de 2019).
As contas de Eguénio Rosa são, porém, diferentes. O economista afirma que “o desemprego oficial do INE oculta à opinião pública o desemprego real”, uma vez que “em junho de 2020, o número de trabalhadores desempregados já atingia 636 200, mas o número destes que recebiam o subsidio de desemprego era apenas de 221 701”. “Somente 35 em cada 100 desempregados recebem subsídio de desemprego”, completa.
Recuperação rápida é “ilusão” e “mentira”. Eugénio Rosa não poupa nas críticas à comunicação social e ao Governo, que considera estarem a difundir a falsa ideia que “a crise é passageira, e que o país após a pandemia tem o seu aparelho produtivo intacto e rapidamente recuperará”. “Ora tudo isso é uma ilusão, quando não mesmo uma mentira”, afirma.
Para o economista, “o medo que se instalou na sociedade portuguesa, com a quebra generalizada de rendimentos dos trabalhadores, e com o fecho de mercados externos, é evidente que a crise vai ser prolongada e vai causar uma enorme destruição de empresas que não se aguentarão por falta de vendas.
“Não compreender isto é estar cego, nem tomar medidas imediatas para reativar a economia é suicídio. O aumento do desemprego e o fecho definitivo de muitas empresas que se já verificou é apenas o sinal de uma crise social e económica que não sabemos quando terminará, e cuja recuperação será mais difícil devido à desorganização que está a causar em toda a administração pública”, conclui.