As horas trabalhadas em Portugal registaram uma diminuição de 26,1% no segundo trimestre deste ano face ao trimestre homólogo do ano passado e uma diminuição trimestral de 22,7%. Os dados foram divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que revela que estas são as maiores variações desde 2011.
A justificação é simples: “A redução do volume de horas trabalhadas está sobretudo associada ao aumento da população empregada ausente do trabalho, que ascendeu a 1 078,2 mil pessoas (22,8% da população empregada), mais do dobro da observada no trimestre anterior e quase o quádruplo da existente no trimestre homólogo”, revela o gabinete de estatística.
Já o aumento ficou a dever-se quase exclusivamente à redução ou falta de trabalho por motivos técnicos ou económicos da empresa (que inclui a suspensão temporária do contrato e o layoff), razão apontada por 680,1 mil daquelas pessoas (cerca de dez vezes o número do trimestre anterior), garante o INE.
No que diz respeito à população inativa com 15 e mais anos, estimada em 3 886,7 mil pessoas, esta registou um aumento de 5,7% relativamente ao trimestre anterior e 7,5% em relação ao trimestre homólogo.
Os dados não são animadores: “Nunca antes, na série de dados iniciada em 2011, se havia registado variações trimestrais e homólogas tão elevadas. Estes acréscimos são explicados, essencialmente, pelo aumento da população inativa que, embora disponível, não procurou trabalho, estimada em 312,1 mil pessoas. Esta população aumentou 87,6% em relação ao trimestre anterior e 85,6% relativamente ao período homólogo”, avança o INE.
O gabinete de estatística diz ainda que o aumento desta população resultou, em parte, de 41,8% dos desempregados no 1.º trimestre de 2020 terem transitado para a situação de inatividade no 2.º trimestre de 2020. No 2.º trimestre de 2020, a taxa de desemprego foi 5,6%, valor inferior em 1,1 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 0,7 p.p. ao do trimestre homólogo de 2019.
Teletrabalho Ainda esta quarta-feira, o INE divulgou que o trabalho a partir de casa devido à pandemia abrangeu um milhão de pessoas.
“No 2.º trimestre de 2020, a população empregada que indicou ter exercido a sua profissão sempre ou quase sempre em casa na semana de referência ou nas três semanas anteriores foi estimada em 1 094,4 mil pessoas, o que representou 23,1% do total da população empregada. Destas, 998,5 mil pessoas (91,2%) indicaram que a razão principal para ter trabalhado em casa se deveu à pandemia covid-19”, lê-se.
No entanto, comparando as horas trabalhadas na semana de referência, não há grande diferença entre trabalhar em casa ou fora de casa. “Efetivamente, quem não esteve ausente e trabalhou fora de casa trabalhou em média 36 horas nessa semana e quem não esteve ausente e trabalhou a partir de casa trabalhou 35 horas”.
O INE diz que foi ainda observado que 1 038 mil pessoas utilizaram tecnologias de informação e comunicação para poderem exercer a sua profissão em casa, o que representou 21,9% do total da população empregada e 94,8% das que trabalharam sempre ou quase sempre em casa no período de referência.