A Polícia Judicária está a investigar um e-mail enviado a dez pessoas, entre elas três deputadas (Mariana Mortágua, Beatriz Gomes Dias e Joacine Katar- Moreira) em que os autores as ameaçavam e exigiam que abandonassem Portugal em 48 horas. Caso contrário, “medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português”, segundo se pode ler na missiva citada pelo Expresso, e assinada pela Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional, de extrema-direita e neonazi.
A informação sobre a investigação foi avançada pela RTP3 que deu conta de mais um dado: um dos visados , o dirigente do SOS Racismo Mamadou Ba, já foi prestar declarações às autoridades esta quarta-feira à tarde.
O Bloco de Esquerda vai apresentar duas queixas ao Ministério Público, cada uma em nome das deputadas visadas ( Mariana Mortágua e Beatriz Gomes Dias) no e-mail que foi enviado na passada terça-feira à noite. “O Bloco deu imediatamente conhecimento à PJ assim que soube do e-mail, as duas deputadas do Bloco irão apresentar queixa ao Ministério Público”, avançou ao i, fonte do partido.
De realçar que no sábado à noite houve uma concentração de pessoas, com máscaras a tapar o rosto e a envergarem tochas junto à sede da SOS Racismo, uma iniciativa sem precedentes recentes e sobre a qual Mamadou Ba se pronunciou na rede social Facebook: “Ainda não ouvi nada sobre o “terrorismo cultural”, nem sobre a sacrossanta necessidade de zelar pela higiene urbana e ordem pública face à infeção da parada do kkk em frente à sede do SOS”.
O i tentou obter algum dado adicional junto do gabinete da deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira, que também recebeu o e-mail ameaçador, mas sem êxito para já.
Esta é a primeira vez na história recente que três elementos eleitos no Parlamento recebem este tipo de ameaças.
No passado, mesmo no tempo da troika, com várias manifestações à porta do Parlamento, não houve registo similar de ameaça.
Jonathan Costa e Rita Osório ( da Frente Anti-Fascista)Vasco Santos, ( Movimento Alternativa Socialista), Luís Lisboa, Melissa Rodrigues e Danilo Moreira, todos membros da SOS Racismo também receberam um e-mail igual.
O Movimento Alternativa Socialista mostrou-se solidário com a SOS Racismo após à concentração junto à sua sede.
Nos últimos dois relatórios anuais de segurança interna (RASI) já se alertava para fenómenos de aumento de extrema-direita e no último balanço, dizia-se, no referido documento, para as atividades neonazis e o facto de a extrema-direita estar a “alargar a sua base de apoio”.