A Parpública já selecionou os parceiros do Estado para a reprivatização da Efacec, mas o facto da escolha do Ministério das Finanças para a assessoria financeira da operação ter recaído no chinês Haitong Bank tem gerado a apreensão de quem segue o processo.
Em causa está o nome de António Domingues, ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que, atualmente, ocupa simultaneamente cargos em duas entidades envolvidas na operação: como presidente da comissão de auditoria e finanças da Efacec e, ao mesmo tempo, como membro do conselho de administração do Haitong Bank. António Domingues tem-se visto envolvido em várias polémicas nos últimos anos, sendo mesmo considerado, até há bem pouco tempo, um dos ‘homens de confiança’ em Portugal e Angola de Isabel dos Santos, cuja atuação espoletou a intervenção do Estado que culminou com o anúncio, no dia 2 de julho, da nacionalização dos 71,73% do capital social da Efacec que pertenciam à empresária angolana.
O Haitong Bank pode, inclusivamente, ter uma palavra a dizer quanto aos valores da reprivatização. A situação explica-se facilmente: nos termos da lei das nacionalizações, o Governo tem de proceder à avaliação da participação social que pertencia a Isabel dos Santos, no prazo de 30 a 60 dias (ou seja, até 2 de setembro), e pagar o respetivo valor ao titular dessa participação – uma situação que o Governo tentará evitar, uma vez que, para já, o titular não está identificado, pois existe um arresto do ativo (que pertencia a Isabel dos Santos) a pedido das autoridades judiciais angolanas, e ainda penhoras dos bancos credores. A avaliação está a ser feita pela consultora britânica Ernst & Young, contratada pela Parpública, mas, nos termos da lei, outra entidade independente terá de apresentar uma segunda avaliação. Embora o nome dessa entidade não tenha, para já, sido oficialmente confirmado, oficiosamente é dado como certo que se trata do Haitong Bank.
Na prática, seria com base no valor apurado pela instituição onde colabora António Domingues (o Haitong Bank) que se iria tentar encontrar um comprador privado para a empresa… onde colabora António Domingues (a Efacec). O SOL tentou contactar o gestor para que esclarecesse esta posição, mas tal não foi possível.
Leia o artigo na íntegra na edição impressa do SOL. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.