Costa quer desempregados do turismo reconvertidos

Governo anunciou investimento de 110 milhões em creches e lares. E no caso dos lares garantiu a contratação de 15 mil até ao final do ano.

Cento e dez milhões de euros: é este o investimento anunciado por António Costa destinado às creches, serviços de apoio domiciliário, centros de dia, lares de idosos e na rede de respostas residenciais e de centros de atividades ocupacionais, numa altura em que o país enfrenta uma crise provocada pelo aparecimento do novo coronavírus. O programa PARES é um apoio financeiro, destinado ao reforço dos serviços sociais e da saúde, que poderá ser aplicado em obras de construção de raiz, de ampliação ou de remodelação, por exemplo. “O país sabe que a covid, para além do grande drama sanitário, tem um custo económico e social absolutamente brutal”, destacou o primeiro-ministro, António Costa, durante a cerimónia que contou com a presença da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
Este programa de reforço de recursos humanos, no caso dos lares, prevê a contratação de mais 15 mil trabalhadores até ao final do ano. “Queremos criar postos de trabalho socialmente úteis. Temos de fazer em quatro anos o que normalmente faríamos em dez”, disse António Costa. E defendeu que os desempregados do turismo, uma das áreas mais atingidas pela crise gerada pela pandemia, possam ser reconvertidos, com a formação necessária, como trabalhadores do setor social.
Para o primeiro-ministro, não há dúvidas: “Muitos dos milhares de pessoas que neste momento estão a perder o emprego no setor do turismo são pessoas que já têm uma formação de base, que já têm uma experiência de cuidado pessoal, de relacionamento pessoal”. E lembrou que “são um recurso fundamental para, com formação, naturalmente, poderem ser facilmente reconvertidas para continuar a trabalhar com pessoas, agora nas instituições em que estão associadas nas IPSS [instituições particulares de solidariedade social], nas mutualidades, nas misericórdias ou nas cooperativas”, propôs.
E António Costa deu números. “Em poucos meses foram destruídos mais de 100 mil postos de trabalho. Em poucos meses chegámos a ter 800 mil famílias a depender da situação do layoff e só mantinham o emprego porque este estava a ser apoiado por via do Estado e com uma perda de um terço do seu rendimento”, referiu.

 

Crucificação do setor social

O primeiro-ministro aproveitou ainda para expressar a sua solidariedade às instituições sociais pela incompreensão de que têm sido vítimas, rejeitando, como cidadão, que estejam a “ser crucificados na praça pública” aqueles “que dão o melhor” no combate à pandemia, manifestando ainda a sua “solidariedade pela incompreensão de que muitas vezes têm sido vítimas quando têm necessidade de enfrentar situações que nem os países mais desenvolvidos estavam preparados para enfrentar”.
E foi mais longe. “Quero dizer que, como cidadão, e não falo agora como primeiro-ministro, não posso aceitar esta forma como têm vindo a ser crucificados na praça pública, de uma forma tão injusta, aqueles que dão o melhor do ponto de vista solidário para responder às necessidades seja das crianças, seja dos idosos, seja dos deficientes, seja de todos aqueles que estão a cargo das instituições de solidariedade social”. Mas, apesar de admitir que seja impossível não existirem falhas nesta matéria, reconhece que com cada uma “se aprende e se tem uma vontade acrescida de as superar, de as prevenir e de as evitar”.