Isaltino Morais: “Ainda não decidi se vou recandidatar-me ou não”

“Estamos em agosto e ainda não decidi se me recandidato ou não”, disse o autarca ao i. Distrital do PSD de Lisboa recorda-o como autarca-modelo.

O PSD só inicia a avaliação para as eleições autárquicas a partir de setembro, mas o processo eleitoral já mexe. Em Oeiras, o caso tornou-se uma estratégia de aproximação ao atual presidente da câmara, independente, que já foi dirigente do PSD: Isaltino Morais.

O autarca limita-se a dizer ao i que, para já, “não se pronuncia sobre estas matérias e é muito cedo para se falar de autárquicas”. Isaltino Morais sacode também a pressão: “Estamos em agosto, e eu ainda não decidi se vou recandidatar-me ou não”.

O antigo militante do PSD dá ainda outro recado que serve (também) ao PSD. “Os partidos políticos devem preocupar-se com a apresentação de candidaturas muito cedo sobretudo em concelhos onde não têm o poder, para dar a conhecer os candidatos com a devida antecedência”. Ora, o PSD em Oeiras não é poder, mas Isaltino Morais preferiu dizer que estava “a falar em geral”.

Ângelo Pereira, presidente da distrital do PSD de Lisboa, diz ao i que não há qualquer decisão. “Agora tem de haver uma vontade dele [Isaltino Morais] e tem de haver uma concordância do partido”, advoga o dirigente, depois de ter admitido ao Público que o autarca de Oeiras “pode ser um grande candidato” pelo PSD.

Não há conversas formais, apurou o i, mas é visível a aproximação do PSD ao autarca Isaltino Morais. Contudo, qualquer decisão terá de começar pela concelhia. Só depois a distrital do PSD/Lisboa poderá pronunciar-se e, por fim, a comissão política nacional, presidida por Rui Rio.

Ora, o PSD delineou um calendário interno que só arranca em setembro. A partir do próximo mês, as estruturas concelhias irão começar a fazer estudos e avaliações para escolhas de candidatos. E o processo vai arrastar-se até ao final do ano. Decisões e escolhas efetivas, só em 2021, com deliberações sobre nomes concretos no primeiro trimestre do próximo ano. E Rui Rio terá uma palavra a dizer, além de ter de definir candidatos em câmaras como Lisboa e Porto, onde o partido não é poder.

Em declarações ao i, Ângelo Pereira considera, contudo, que “caso o nome de Isaltino Morais seja apresentado, não há motivos a esse nível para que não o seja”, leia-se candidato apoiado pelo PSD.

Mais: o dirigente tece-lhe rasgados elogios: “Foi um grande presidente de câmara do PSD, um autarca-modelo, e neste momento está a fazer um trabalho extraordinário”.

De realçar que o PSD está arredado do poder em Oeiras desde que Isaltino Morais voltou a concorrer como independente – isto depois de ter saído do PSD e de ter cumprido pena por fraude fiscal e branqueamento de capitais, tendo saído da cadeia em 2014 para cumprir o resto da sentença em liberdade condicional. Isaltino Morais concorreu em 2017 como independente e ganhou.

Nesse mesmo ano, Ângelo Pereira, agora presidente da distrital do PSD/Lisboa, foi candidato do PSD ao concelho de Oeiras. O dirigente é vereador da autarquia com os pelouros do Trânsito, Transportes, Acessibilidade e Mobilidade, Iluminação, Mercados, Cemitérios e Empreendedorismo.

Curiosamente, a nível nacional, o vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro (que também é autarca em Ovar), decidiu convidar Isaltino Morais para o aniversário da sua cidade, no passado dia 25. Os convites incluíram, na altura, o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.