Alexander Lukashenko. O príncipio do fim do ‘último ditador’?

Está há mais de duas décadas a servir como líder da Bielorrússia, mas a pressão dos opositores e dos populares está mais forte do que nunca para Alexander Lukashenko, o político que outrora foi visto como um grande combatente da corrupção.

Foi descrito como o "Último Ditador da Europa". Alexander Lukashenko é presidente da Bielorrússia desde 1994, mas durante 26 anos à frente do país nunca esteve sob tanta pressão como atualmente.

Lukashenko venceu pela sexta vez consecutiva as eleições presidenciais do país no último dia 9 de agosto. Os resultados revelaram que conseguiu 80% dos votos enquanto a sua rival, Svetlana Tikhanouskaia, que apenas conseguiu 8% dos votos, uniu uma quantidade histórica de opositores. Foram esses resultados desproporcionais que levaram Svetlana Tikhanouskaia a acusar o político de ter falseado o resultado das eleições. Depois, milhares de pessoas dirigiram-se para a rua a exigir a demissão do presidente.

Agora que o "reinado" de Lukashenko aparenta estar a chegar ao fim, levanta-se uma questão. Como é que este homem conseguiu permanecer mais de duas décadas na liderança da Bielorrússia?

 

Os primeiros anos

Nascido em agosto de 1954 em Opys, um assentamento urbano em Orsha Raion, região de Vitebsk, na Bielorrússia, Lukashenko teve uma infância infeliz, marcada pelo abandono do seu pai, algo que os seus colegas de escola utilizavam para gozar com este. Após acabar o ensino secundário, Lukashenko graduou-se no instituto Pedagógico de Mogilev, em 1975, e na Academia de Agricultura bielorrussa, em 1985. Entre estes anos, ainda ocupou cargos militares. Pensa-se que pode ter integrado, em 1975, as Forças Militares de Fronteira Soviéticas, e, mais tarde, terá atuado como especialista de tanques. 

Em 1979, juntou-se ao Partido Comunista da União Soviética e, após abandonar o exército, foi o líder de uma quinta coletiva. Foi aqui que começou a criar a sua personalidade "Batka", que significa pai, apresentando-se como um homem tão preocupado em cuidar dos seus trabalhadores como dos seus filhos. Como nota o Telegraph, "este era um trabalho respeitável na Bielorrússia Soviética, mas ninguém lhe oferecia muitas perspetivas quanto a uma carreira política".

No entanto, no início dos anos 1990, foi eleito deputado do Supremo Conselho da República da Bielorrússia, e ficou conhecido como um implacável lutador contra a corrupção. Lukashenko acusou 70 oficiais do Governo deste crime, incluído o primeiro-ministro da União Soviética. Contudo, as acusações foram retiradas e, devido à "vergonha", abandonou este posto.

Nesse mesmo ano, acabaria por se tornar Presidente da Bielorrússia.

 

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