Ao longo dos últimos anos têm sido vários os casos em que políticos, com mais ou menos responsabilidade, acabam por ver um comentário ou uma conversa informal revelada. Foi o caso, por exemplo,do ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Estávamos em 2012, com o país em plena ajuda externa, e o governante agradeceu a disponibilidade do então ministro das Finanças alemão (com forte influência no Executivo de Angela Merkel) para fazer alguns ajustamentos ao programa português. Um vídeo indiscreto, captado antes de uma reunião, em Bruxelas, que gerou muita polémica.
Anos antes, em 2005, nas eleições autárquicas, um frente-a-frente na SIC-Notícias não teria grande notícia, mas o que se passou no final, à saída do duelo, acabou por marcar um dos momentos de campanha. Os protagonistas eram Carmona Rodrigues, do lado do PSD, e Manuel Maria Carrilho, do lado dos socialistas. O primeiro quis despedir-se do seu adversário, mas o segundo não lhe estendeu a mão. E Carmona chamou a Carrillho de «ordinário». O episódio foi captado em direto e foi determinante para a campanha do candidato socialista.
Lá fora, por exemplo, nos Estados Unidos, o jornal The Washington Post divulgou recentemente conversas gravadas secretamente por uma sobrinha de Donald Trump com a tia, a irmã mais velha do Presidente e recandidato nos EUA. Nas conversas, Maryanne Trump Barry diz que o irmão «não tem princípios» e é mesmo «cruel».
O próprio primeiro-ministro, António Costa, já teve vários dissabores. Quando era presidente da Câmara de Lisboa e comentador residente no programa Quadratura do Círculo (na altura em que o programa passava sempre em direto), os microfones já estavam ligados, com o genérico a passar e António Costa fez um desabafo sobre o atual eurodeputado do CDS, Nuno Melo: «Nuno Melo é um queque malcriado». O caso passou-se em 2012.
Mais recentemente, Costa preparava-se para uma entrevista à Rádio Observador, a emissão já tinha som e o governante deixou escapar, sem saber que estava no ar, que o «jornalismo vive sempre da desgraça alheia». E este fim de semana circulou um vídeo de uma conversa privada, off the record, com jornalistas do Expresso, onde é audível a palavra «cobardes», usada pelo governante, alegadamente, sobre médicos no caso de Reguengos de Monsaraz. O caso mereceu dois comunicados no Expresso onde se conclui que o vídeo era ilegal, foi editado, mas que resultou, inicialmente, de uma recolha de imagens de planos de corte, feitas à margem de uma entrevista.
E quem não se lembra da anedota que levou Carlos Borrego a sair do Governo de Cavaco Silva ou dos chifres dirigidos por Manuel Pinho à bancada do PCP que provocaram a sua demissão por José Sócrates?