António Costa garante que a “última coisa que o país precisa é de uma crise política”. O tema entrou na agenda depois de o primeiro-ministro ter avisado que sem acordo entre os partidos de esquerda haverá eleições antecipadas. Ontem, na Conferência Nacional do PS, suavizou o discurso e garantiu que existem “excelentes condições” para um acordo.
O primeiro-ministro garantiu que “ninguém fez nenhum ultimato”, mas o recado ficou dado. Na entrevista ao Expresso, o governante disse que “se não houver acordo (…) há uma crise política”. Ontem, Costa optou por afastar o cenário de uma crise política com a garantia de que as negociações começaram bem e existem condições para aprovar o orçamento.
No discurso, na rentrée socialista, em Coimbra, o secretário-geral do PS realçou que são necessários consensos para ultrapassar a crise económica e social, mas desta vez não especificou se serão com a esquerda ou a direita. Costa avisou que este crise económica não vai “desaparecer por milagre amanhã” e é necessário “criar as condições para que, no horizonte da legislatura, haja estabilidade”.
A líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, também pediu à esquerda “sentido de responsabilidade”. A socialista defendeu que “é fundamental garantir, neste tempo de dificuldades, a estabilidade política necessária para dar resposta aos problemas que teremos de enfrentar. Todos temos essa responsabilidade”. Ana Catarina Mendes reafirmou que os socialistas querem aprovar o orçamento com os partidos à esquerda do PS. “É à esquerda que queremos continuar a liderar a solução política de que Portugal precisa. Para isso, contamos, naturalmente, com o sentido de responsabilidade dos demais partidos que connosco fazem a maioria de esquerda”.
Ana Catarina Mendes deixou também alguns avisos a pensar nas exigências feitas pelo Bloco de Esquerda e PCP. “O tempo não está para agendas irrealistas feitas de pressões, chantagens ou olhares para o umbigo”, disse Ana Catarina Mendes, acrescentando que “a receita que a direita tem para oferecer é exclusivamente feita de cortes e de austeridade”.
Não foi só António Costa e Ana Catarina Mendes a pedirem estabilidade política para enfrentar a crise provocada pela pandemia. O ministro Siza Vieira alertou que “não se passa por esta crise sem consequências severas na economia e na sociedade”. Ou seja, a situação exige o Governo “seja um farol de estabilidade”.
Foram vários os governantes que falaram na convenção socialista e quase todos alertaram que não podemos esperar facilidades. O ministro da Economia avisou que “os próximos tempos vão ser difíceis, vão criar ansiedade e gerar potencial conflitualidade social”. A ministra da saúde já tinha previsto que “o mais difícil” está para vir e vão surgir “novas dificuldades”.