O Santuário de Fátima decidiu este domingo encerrar as entradas no recinto, uma vez que tinha sido atingida a lotação máxima prevista no plano de contingência em contexto de pandemia. O cenário de enchente que se viu este domingo contrastou, no entanto, com aquele que se viveu no 13 de maio, data em que o Santuário de Fátima esteve vazio, sem peregrinos.
Este domingo, centenas de peregrinos foram até Fátima para celebrar o 13 de setembro e, segundo as imagens transmitidas pelo canal do Santuário de Fátima, a maioria dos presentes estavam a utilizar máscara.
“Pela primeira vez, o Santuário de Fátima viu-se obrigado a encerrar as entradas, a meio da celebração, pondo em prática o seu plano criado no âmbito da pandemia da covid-19, que prevê uma ocupação segura para o Recinto de Oração”, lê-se na página do Santuário de Fátima. Na mesma nota deixada no site, é dito ainda que, ao longo da oração foram dados alertas para manter a distância física “que foram bem recebidos pela multidão de peregrinos, que se dispersou”. No final da missa, foi ainda possível ouvir, através da transmissão em direto, o apelo para que as pessoas mantivessem os seus lugares, para que a saída ocorresse de forma ordenada, respeitando as medidas de distanciamento físico necessárias e evitando os cruzamentos.
Além dos peregrinos que se deslocaram a Fátima de vários pontos do país, o santuário contou também, na hora da oração, com a presença de um grupo de peregrinos de França, quatro grupos de Espanha, dois de Itália e um da Polónia.
Despedimentos e críticas
Depois das notícias que davam conta de despedimentos, o Santuário de Fátima esclareceu na semana passada que, em causa, não estão despedimentos, mas sim acordos antecipados com, por exemplo, funcionários que estão perto da idade da reforma.
Segundo este organismo, desde o início da pandemia registaram-se quebras de 77% nos donativos. A diminuição dos peregrinos a nível nacional rondou os 99%. Numa nota divulgada, o Santuário de Fátima lamentou a “reiterada campanha difamatória que atinge a credibilidade da instituição e a integridade moral dos seus corpos dirigentes”. “Além de falsas, caluniosas e difamatórias, não traduzem a realidade dos factos, gerando ruído num tempo particularmente difícil, onde o medo impera, dada a incerteza da conjuntura nacional e internacional”, acrescentou.
Este fim de semana, em entrevista ao Expresso, Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, sublinhou que “o santuário não tinha, em maio, nem tem agora nenhum plano de despedimentos”, admitindo que “o santuário tem condições para assegurar todos os 318 postos de trabalho que agora tem”. Questionado sobre as contas do Santuário de Fátima, que não são apresentadas desde 2005, Carlos Cabecinhas respondeu apenas “que deixou de se publicitar as contas por divergências na interpretação de alguns pontos da Concordata em matéria tributária”, mantendo-se essas divergências ainda hoje. “O Santuário de Fátima não está falido, não está em insolvência, está numa situação económica estável. Quando o conselho nacional decidir tornar públicas as contas, serei o primeiro a fazer-me porta-voz”, acrescentou.