Na última semana, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e os concelhos de Guimarães e Gaia registaram o maior aumento de novos casos por 100 mil habitantes. O ponto de situação foi feito esta segunda-feira pela diretora-geral da Saúde, questionada sobre quais os pontos críticos, neste momento, da epidemia no país. Em julho chegaram a ser sinalizadas 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa, que na altura se mantiveram em estado de calamidade. A destrinça por freguesias não tornou a ser feita, embora alguns concelhos divulguem essa informação aos habitantes. Na lista de casos por concelho, que a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualiza às segundas-feiras, verifica-se que os concelhos de Lisboa, Sintra, Amadora e Loures registaram o maior aumento de novos casos. No concelho de Lisboa foram reportados 307 novos casos desde segunda-feira da semana passada. Em Sintra foram diagnosticados 264 novos casos, na Amadora 155 e em Loures 147. Na AML, o concelho de Oeiras foi, no entanto, o que registou um maior aumento percentual neste período, de 8%, com 118 novos casos. Já a norte, Guimarães, com 98 novos casos nos últimos sete dias, foi o concelho com maior subida de infeções em termos absolutos. Em Vila Nova de Gaia registaram-se 93 novos casos. Em ambos os concelhos, o aumento é quase o dobro do que se verificou no concelho do Porto.
Há agora também mais 12 concelhos na lista divulgada pela DGS, que só passa a reportar o número de casos por concelho a partir dos três diagnósticos, uma regra seguida desde o início da epidemia e justificada com razões de privacidade. No Alentejo registam-se agora quatro casos no concelho de Nisa e outros quatro no concelho de Vila Velha de Ródão, que até aqui não apareciam nas estatísticas da DGS. Também Viana do Alentejo e Vila Viçosa, ambas com três casos, surgem pela primeira vez referidas na lista por concelhos. Os concelhos de Castro Verde, Freixo de Espada à Cinta, Sardoal e Tabuaço surgem também pela primeira vez na lista, com três casos cada. Na Madeira são listados agora com três casos os concelhos de Porto Moniz e Santana.
O domingo com mais diagnósticos
Esta segunda-feira foram confirmados no país 613 novos casos de covid-19, dados que dizem respeito aos diagnósticos feitos no domingo, habitualmente um dia com menos confirmações laboratoriais. O registo acabou por ser o mais elevado a um domingo desde o início da epidemia, sendo atualmente o nível de testagem também maior do que o que existia nos primeiros meses da epidemia.
Na conferência de imprensa, o secretário de Estado António Lacerda Sales reiterou que o país está a entrar numa nova fase da pandemia e que a testagem vai manter-se central. Na passada sexta-feira, revelou, foi batido o recorde de 21 700 testes feitos no país.
Dos novos casos confirmados na segunda-feira, 10% verificaram-se acima dos 70 anos, o grupo etário com maior risco, o que foi considerado um indicador positivo. A diretora-geral da Saúde disse mesmo que o atual padrão não faz antever um aumento da mortalidade. “O número de pessoas infetadas acima dos 70 anos tem sido baixo e a mortalidade está sobretudo associada a pessoas com mais de 70 e de 80 anos. Este padrão a que estamos a assistir, em que os novos casos aparecem sobretudo em pessoas jovens e adultos em idade ativa, é protetor em relação à mortalidade”, sublinhou Graça Freitas. Com o aumento de casos há, no entanto, também uma subida dos diagnósticos nas faixa etárias mais altas. Este domingo foram diagnosticados 62 casos de covid-19 em pessoas com mais de 70 anos, o que compara com 36 casos no domingo da semana passada.
Quase mais 100 pessoas internadas numa semana
Embora ainda se encontre muito abaixo do que se registou no pico da epidemia, o aumento dos doentes internados com covid-19 acentuou-se nos últimos dias. Comparando com segunda-feira da semana passada, ontem havia mais 99 doentes hospitalizados do que há uma semana, num total de 477, o número mais elevado desde 16 de julho. A tendência não se verifica nos cuidados intensivos, onde tem havido um aumento mais ligeiro dos internamentos. Na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, sublinhou que neste momento não existe qualquer pressão nos hospitais. “Em 21 500 camas temos pouco mais de 400 internamentos. Diz tudo sobre o que não é pressão e existe uma capacidade de expansibilidade para ocorrer a situações de maior pressão”. Em termos de capacidade de cuidados intensivos, a taxa de ocupação é de 66%, correspondendo 18% a doentes com covid-19, adiantou Lacerda Sales. O i procurou saber se estão a esta altura definidos patamares de óbitos, infeções ou ocupação hospitalar que possam levar a novas medidas, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. O país entra esta terça-feira em estado de contingência, com ajuntamentos limitados a dez pessoas e a proibição de consumo de álcool na via pública alargada a todo o país. A partir das 20h só poderá ser vendido a acompanhar refeições. Para desencontrar deslocações, os estabelecimentos comerciais passam a poder abrir apenas a partir das 10h, exceto “pastelarias, cafés, cabeleireiros e ginásios”.