DGS afasta cenário de 50 mil pessoas em Fátima

Diretora-geral da Saúde reagiu ontem à preocupação do PR com peregrinação de outubro:_“não sabemos de onde saiu esse número”

A peregrinação do 13 de Outubro em Fátima vai poder realizar-se, mas ainda não há uma decisão sobre a lotação máxima no santuário. A diretora-geral da Saúde reagiu esta quarta-feira à preocupação manifestada pelo Presidente da República depois de o Correio da Manhã ter noticiado que a DGS queria no máximo 50 mil pessoas no recinto, depois de no passado domingo a peregrinação do 13 de setembro ter juntado 100 milfiéis. Marcelo assumiu que “reunir 50 mil pessoas no dia 13 de outubro em Fátima” é uma realidade que o preocupa não tanto pelo incumprimento de regras sanitárias e organização, mas pela perceção pública. “Deus queira que me engane”, acrescentou.

Ontem, questionada pelos jornalistas, Graça Freitas desfez o equívoco e rejeitou que haja a esta altura qualquer número fixado pela Direção Geral da Saúde – as conversações sobre os moldes em que poderá realizar-se o evento ainda não estão a ser apreciados pela DGS. “Foi pedida uma audiência [do santuário] com o secretário de Estado da Saúde mas tenho a dizer que a Direção Geral da Saúde não sabe de onde surgiu o número 55 mil. Não nos chegou verdadeiramente nenhum pedido de parecer, não nos chegou nenhum plano de contingência e não nos chegou nenhuma planta do santuário”, afirmou Graça Freitas, afastando à partida o cenário, mas deixando margem de manobra. “Não nos parece expectável que estando nós numa situação de contingência, com uma epidemia a subir… Apesar de, volto a dizer, nem a DGS nem outra qualquer autoridade de saúde ter sido até ao momento consultada sobre o assunto, não nos parece que seja expectável que seja possível um número de 50 mil pessoas. É uma apreciação feita precocemente porque aguardaremos colaborar com o santuário, mas para isso temos de ter um diálogo e um plano de contingência. Neste momento não temos e o número saiu não sabemos muito bem nem quando nem onde.” O i tentou perceber junto do santuário em que ponto se encontram as diligências, mas não teve resposta até à hora de fecho.

 

DGS prepara referencial

A última resolução do conselho de ministros, que impôs o estado de contingência em todo o país a partir de 15 de setembro, impede a realização de celebrações e eventos que impliquem uma aglomeração de mais de 10 pessoas, salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar. São exceções cerimónias religiosas, incluindo as celebrações comunitárias, eventos de natureza familiar, incluindo casamentos e batizados_(civis ou religiosos), eventos de natureza corporativa realizados em espaços adequados para o efeito, como salas de congressos, estabelecimentos turísticos e recintos adequados para a realização de feiras comerciais e espaços ao ar livre. Para estes eventos, a DGS tem de definir orientações específicas.

Questionada pelo i sobre se será feita uma nova norma sobre eventos de massas, à semelhança da que existiu no primeiro mês da pandemia e que limitava os eventos a 100 pessoas, Graça Freitas indicou que está a ser criado um novo grupo de trabalho que vai fazer uma proposta de referencial a aplicar nos próximos meses. “Estamos numa fase da epidemia, numa nova fase da dinâmica do vírus, numa nova fase sazonal. Faz todo o sentido que seja criado um novo referencial, sabendo nós que o número de contactos que cada pessoa tem aumenta a probabilidade de contágio. Temos de emitir uma orientação que será um referencial e que adaptaremos à situação epidemiológica e ao contexto em que o país estiver. Neste momento a nossa situação epidemiológica é ascendente, mas dentro de uma ascensão controlada. Estamos a aproximar-nos do outono e inverno e sabemos que poderá ter algum impacto. O referencial será adaptado ao tipo de evento, ao tipo de circulação de pessoas e à situação epidemiológica.”

Depois de terem sido realizados eventos com maior número de participantes nas últimas semanas, como o Avante! ou a Feira do Livro, diretora-geral da Saúde esclareceu ainda que até aqui não foram reportados casos de contágio associados a eventos de massa. “Sabemos que são propícios à propagação mas é verdade que nosso país têm acontecido muito poucos”, afirmou.