Num ano em que a pandemia de covid-19 prometeu congelar vidas e adiar metas, eis que 2020 se tornou o ano de ouro para o automobilismo português. Filipe Albuquerque venceu este domingo as 24 Horas de Le Mans, na categoria de LMP2, a segunda mais importante. O piloto natural de Coimbra, de 35 anos, fez história, e conquistou a prova pela primeira vez na sua sétima participação.
Com a vitória na grande maratona, Filipe Albuquerque garantiu ainda matematicamente o título no Mundial de resistência: para confirmar a conquista inédita, o piloto português precisa apenas de alinhar na última corrida da época, no Barém, no próximo dia 14 de novembro. “Estou tão feliz que não tenho palavras para descrever esta sensação única. Foram as 24 horas mais longas da minha vida e os últimos minutos de corrida foram de loucos. Os nervos estavam à flor da pele, um sofrimento enorme”, disse após o triunfo. “Tínhamos feito 24 horas de sprint, o andamento foi alucinante. E faltava tão pouco para acabar com o enguiço de seis anos sem conseguir vencer. E, de repente, a bandeira de xadrez e o sonho de uma vida realizado. Que loucura!”, rematou.
Apesar de o título estar já assegurado, Albuquerque prefere jogar pelo seguro e festejar cada vitória no tempo certo: “Pontualmente, já o conseguimos [título mundial], mas regulamentarmente precisamos de alinhar na última corrida, no Barém. Por isso, para já podemos festejar a vitória em Le Mans, o resto virá a seu tempo”.
Além de liderar a Taça do Mundo FIA de Resistência, o piloto veterano também lidera o European Le Mans Series.
Há menos de um mês, recorde-se, Filipe Albuquerque, que faz equipa com o britânico Phil Hanson num Oreca da United Autosports, venceu as 4 Horas de Le Castellet, em França, e consolidou o primeiro lugar nas European Le Mans Series. Foi a segunda vitória consecutiva, depois da conquistada em Spa-Francorchamps (Bélgica), no início de agosto. Com duas provas por disputar (Monza e Portimão), a equipa de Filipe Albuquerque lidera com 68 pontos, mais 29 do que os segundos classificados. A próxima corrida serão as 4 Horas de Monza, em Itália, no próximo dia 10 de outubro.
Prata para Félix da Costa A fazer equipa com Phil Hanson e Paul di Resta, Albuquerque bateu ontem a concorrência do compatriota… António Félix da Costa, que liderou a JOTA ao segundo posto da classificação em Le Mans, em conjunto com Anthony Davidson e Roberto González. O piloto cascalense estreou-se assim no pódio da maior corrida de endurance do mundo.
“É sem dúvida um grande resultado para mim e para a JOTA. Trata-se do meu primeiro pódio nas 24 Horas de Le Mans, a grande prova de endurance a nível mundial”, afirmou o piloto cascalense. “Acreditámos sempre e lutámos até à última volta ao máximo para vencer, mas sabíamos que não tínhamos o carro mais rápido. Portanto, a estratégia foi não cometer erros e procurar espreitar uma oportunidade”, continuou. “Acabámos em segundo, um excelente resultado, e como sempre disse, não ganhando eu, a vitória teria de ir na mesma para Portugal. Por isso, fico contente com a vitória do Filipe e ficam os meus parabéns. Foram uns justos vencedores e foi um prazer lutar durante toda a corrida. Foi uma grande batalha e terminar uma corrida de 24 horas separados por 32 segundos mostra bem isso”, rematou.
Félix da Costa, González e Davidson conduziram o Oreca n.o 38 da JOTA ao segundo lugar nesta 88.a edição das 24 Horas de Le Mans, terminando a 32,831 segundos do vencedor, o carro n.o 22 da United Autosport, com Filipe Albuquerque, Di Resta e Hanson ao volante. O carro n.o 31 da Panis Racing, de Julien Canal, Nico Jamin e Matthieu Vaxivière, completou o pódio.
Félix da Costa junta este segundo lugar histórico ao título mundial alcançado em agosto último.
Recorde-se que o piloto luso de 29 anos fez história há cerca de um mês, após sagrar-se campeão Mundial de Fórmula E, prova para monolugares elétricos.
Na sequência desta vitória, Félix da Costa foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com o grau de Comendador da Ordem do Mérito. Na cerimónia realizada em Belém, o atleta natural de Cascais mostrou o desejo de trazer o Campeonato do Mundo de carros elétricos para Portugal.