António Costa recebeu ontem os partidos para apresentar as linhas gerais do Plano de Recuperação e Resiliência. As maiores críticas ao plano que vai ser apresentado no Parlamento no dia 14 de outubro vieram da direita, mas PCP e BE também deixaram recados ao Governo.
António Costa quer um consenso alargado, mas ouviu várias críticas ao plano traçado para recuperar da crise provocada pela pandemia. A Iniciativa Liberal, o primeiro partido a ser recebido pelo primeiro-ministro, classificou o documento como “um catálogo de ideias com demasiadas prioridades” e com “alguns aspetos que são propagandísticos do ponto de vista político”. João Cotrim Figueiredo teme que seja mais uma “oportunidade perdida”.
Já Jerónimo de Sousa considera existe uma “base de trabalho”, embora tenha apontado várias falhas. O secretário-geral do PCP considerou que o plano tem “uma página em branco em matéria de valorização do trabalho e dos trabalhadores”. Para o PCP, é também necessário reforçar o emprego público.
O CDS espera que o dinheiro da União Europeia não sirva “uma festa do Bloco Central”. Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que “este plano não pode ser uma lista de compras e de obras públicas”. Para o CDS, a prioridade deve passar por “injetar liquidez na economia” e apoiar as empresas. “A execução deste dinheiro não pode significar uma festa do Bloco Central, sentando à mesa do orçamento os mesmos de sempre e as empresas que estão sempre no radar dos convites do Governo. Estamos a falar de dinheiro muito avultado, de uma soma muito significativa de verbas, pelo que é necessário ao Governo apelar ao seu sentido de inovação”.
O PAN considerou que o plano assenta “num modelo económico obsoleto”. André Silva disse que falta uma “visão progressista” e “é fundamental para o país existir um portal de transparência” para que os portugueses saibam “em tempo real que investimentos estão a ser feitos”.
O BE defendeu que as verbas da UE devem ser um “apoio consistente e não um apoio que seja de mais endividamento”. Catarina Martins alertou que é preciso dar uma resposta “imediata” ao facto de a pandemia ter adiado consultas, exames e cirurgias.
O PSD foi o último partido a reunir com o Governo. Rui Rio defendeu que este plano deve ser virado para o futuro e apostar na competitividade da economia. Para o presidente do PSD, que vai apresentar em breve propostas para os fundos da União Europeia, o país deve apostar nas empresas para criar uma “classe média robusta”.