O ministro dos Negócios Estrangeiros já reagiu às declarações do embaixador dos EUA em Portugal, que disse, em entrevista ao jornal Expresso, que Lisboa tem de escolher entre os "amigos e aliados" Estados Unidos e o "parceiro económico" China, admitindo consequências se a escolha não for a de Washington.
"O Governo português regista as declarações […]. Mas o ponto fundamental é este: em Portugal, quem toma as decisões são as autoridades portuguesas, que tomam as decisões que interessam a Portugal, no quadro da Constituição e da lei portuguesa e das competências que a lei atribui às diferentes às diferentes autoridades relevantes", disse Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.
"As decisões tomadas em Portugal são tomadas de acordo com os valores democráticos e humanistas, os valores portugueses, de acordo com os interesses nacionais de Portugal, de acordo com o processo de concertação a nível da União Europeia (UE), quando esse processo é pertinente e com o sistema de alianças em que Portugal se integra, que é bem conhecido e está muito estabilizado", acrescentou.
Por outro lado, o chefe da diplomacia portuguesa não considerou as declarações de George Glass como uma ingerência nos assuntos internos portugueses, e aproveitou para sublinhar as boas relações entre Portugal e os Estados Unidos.
“A profunda amizade que liga os dois países, a forma como temos desenvolvido ao longo dos anos relações muito frutuosas, a forma como colaboramos intimamente, seja no plano bilateral seja em organizações multilaterais, tudo isto justifica que não me pronuncie sobre a oportunidade e a forma da entrevista do senhor embaixador", respondeu à Lusa
O embaixador norte-americano chegou mesmo a admitir consequências em matéria de segurança e Defesa para Portugal se o país escolher trabalhar com a China. E foi taxativo ao dizer que os EUA preferiam que Portugal não tivesse qualquer equipamento da Huawei na rede de 5G.
Confrontado com a questão, o ministro frisou que existem critérios de avaliação. "Sabemos muito claramente que, em certos aspetos que têm a ver com questões de segurança nacional ou com sistemas de defesa em que Portugal se integre, os critérios de avaliação incorporam também esses critérios", concluiu.
Recorde-se que Portugal equaciona trabalhar com a chinesa Huawei na nova tecnologia 5G – uma das frentes do conflito EUA/China – embora não em aspetos fundamentais da rede, mas apenas na distribuição do sinal de rádio.