Ventura convida juiz do processo Casa Pia para ser mandatário da sua campanha presidencial

O candidato às presidenciais volta a atacar o convite de Ana Gomes ao antigo ministro do Trabalho Paulo Pedroso e convida o juiz Rui Teixeira para fazer parte da sua campanha eleitoral.

André Ventura convidou o juiz Rui Teixeira, que conduziu a instrução do processo Casa Pia, para ser mandatário e coordenador da sua campanha eleitoral para as eleições presidenciais.

Numa carta aberta ao magistrado, o candidato às presidenciais e líder do Chega considera o convite de Ana Gomes para que Paulo Pedroso coordene a sua campanha a Belém uma “tamanha injustiça” e fala num “branqueamento político e social” do antigo ministro do Trabalho.

“Há momentos na vida em que o silêncio é a melhor arma contra a indignidade. Eu sei que é assim. Mas há outros em que não podemos calar-nos perante tamanha injustiça : o convite de Ana Gomes para que Paulo Pedroso coordene a sua campanha presidencial, sendo uma das principais candidatas ao mais alto cargo da Nação, é não apenas um branqueamento político e social do homem Paulo Pedroso, como um ataque direto às instituições da Justiça que investigaram e prenderam o político envolvido no miserável escândalo do processo Casa Pia de Lisboa”, começa por ler-se no documento a que o SOL teve acesso.

Ventura salienta que ao falar corre “o risco de ser acusado de aproveitamento político”, mas destaca que esta é a hora de ser firme e de não ceder “perante tentativas de branqueamento ilegítimas a quem representa a podridão do sistema político português”.

“Todos os portugueses conhecem – e ouviram – as influências que se moveram nos bastidores para condicionar a evolução do processo Casa Pia. Todos se aperceberam da vergonhosa rede de pedofilia que envolvia famosos, homens de negócios e políticos portugueses, alguns deles com especial ascendente no panorama político português do século XXI. Paulo Pedroso é um desses nomes. A sua escolha para coordenador da campanha presidencial é simultaneamente uma ofensa a todos os portugueses de bem como um ataque direto às instituições judiciais e às polícias portuguesas”, acrescenta o candidato a Belém.

Na mesma carta, o líder do Chega destaca que o juiz Rui Teixeira “teve a difícil tarefa de ser juiz de instrução nesse ignominioso processo” e “sentiu na pele, tal como o  juiz Carlos Alexandre, as consequências de enfrentar o sistema político português”, já tendo sido “punido o suficiente, para ainda ter de ver Paulo Pedroso coordenar a campanha para o mais alto magistrado da Nação”.

Desta forma, Ventura convida o juiz para ser mandatário e coordenador da sua campanha eleitoral.

“Quero, portanto, convidar publicamente o juiz Rui Teixeira para ser o mandatário e coordenador da minha campanha eleitoral para as eleições presidenciais 2021”, lê-se.

“Os valores não estão à venda. E não podem ser colocados em causa por tentativas de obter favores políticos ou branquear políticos neste sistema político corrupto e podre que continua a destruir Portugal”, conclui Ventura.

Recorde-se que o antigo ministro do Trabalho Paulo Pedroso foi acusado no processo Casa Pia por abuso sexual de menores, tendo sido constituído arguido, chegando mesmo a ser detido em plena Assembleia da República, tendo sido suspenso do cargo de deputado.

Mais tarde, em 2006, já na fase instrutória do processo, o Tribunal de Instrução Criminal considerou que não havia fundamento levar Pedroso a julgamento.

Mas esta não é a primeira vez que André Ventura critica a escolha de Ana Gomes. Depois de a candidata convidar Paulo Pedroso para fazer parte da estrutura organizativa da sua campanha, o líder do Chega não demorou a atacar a ex-eurodeputada socialista , dizendo que esta é a “candidata Casa Pia”.

Ana Gomes não deixou o líder do Chega sem resposta. Embora não tenha referido o nome de Ventura, a mensagem que publicou no Twitter era-lhe claramente dirigida. “Bom dia. Sobre as ultimas de aventuras e aventesmas fascistas, é seguir o conselho da Michelle Obama: “quando eles jogam baixo, mais nós jogamos alto…”, escreveu Ana Gomes no Twitter.

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