A produção automóvel começou o ano a bater recordes em Portugal mas desde que a pandemia teve início não tem parado de cair, tendo registado a maior quebra – de mais de 95% – no mês de abril. Em agosto, apesar de os números apresentarem melhorias, a produção de carros continua em queda. Até agosto o tombo foi de 32%, tendo sido fabricadas em Portugal 153.014 unidades, segundo os últimos dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
A nota chama ainda a atenção para a importância das exportações do setor automóvel português já que 97,9% dos veículos fabricados em Portugal têm como destino o mercado externo, contribuindo de forma significativa para a balança comercial do país.
A quebra nas exportações tem, aliás, sido um problema para empresas como a Autoeuropa, cuja a administração voltou a afirmar recentemente a intenção de não renovar os contratos a termo de 120 trabalhadores ligados à produção dos veículos MPV (Multi-Purpose Vehicle). Os sindicatos não concordam. «A Autoeuropa reafirmou a intenção de não renovar os contratos com os 120 trabalhadores e nós, mais uma vez, reafirmámos que isso não faz qualquer sentido e que, na nossa opinião, havia alternativas para recolocar estes trabalhadores em outras áreas na fábrica», disse o dirigente do SITE-SUL, Eduardo Florindo, depois de uma reunião com a administração da fábrica.
Segundo o sindicato, a justificação da fábrica tem a ver com a produção da carrinha MPV, Volkswagen Sharan – que caiu de 160 para 30 unidades por dia. Mas existem aumentos de outros veículos como é o caso do T-Roc. «A empresa alega que este veículo tem menos mão-de-obra do que os MPV», garante Eduardo Florindo, que diz não saber como evitar o despedimento desta mais de uma centena de trabalhadores.
Recorde-se que a Autoeuropa esteve condicionada durante alguns meses devido à pandemia mas, em agosto, a fábrica retomou as quatro equipas de laboração, antecipando conseguir produzir quase 900 veículos por dia nos dias de semana.
«Estamos em capacidade máxima: vamos conseguir produzir 890 carros por dia de segunda a sexta e ainda 620 ao sábado e ao domingo», chegou a dizer o coordenador da comissão de trabalhadores, Fausto Dionísio, ao Diário de Notícias.
Quanto aos despedimentos, a fábrica não previu datas para que acontecessem, mas Eduardo Florindo estima que não deverão ocorrer até ao final do ano.