Um discurso em plena pandemia e incertezas no OE

Marcelo Rebelo de Sousa fará um intervenção na Câmara de Lisboa no 5 de outubro em pleno processo negocial para fechar as contas de 2021.

O 5 de outubro, a data que evoca a implantação da República em Portugal, será assinalado este ano sob o signo da pandemia da covid-19 e num quadro de incertezas sobre o Orçamento do Estado de 2021, que ainda está a ser negociado à esquerda (ver páginas 8-9). Mas, o Presidente da República fará um discurso na Câmara de Lisboa, como, aliás, tem sido hábito, apurou o SOL.

De realçar que o 10 de junho, Dia de Portugal, Camões e das Comunidades, também foi assinalado com dois discursos no Mosteiro dos Jerónimos, mas sob fortes medidas de segurança sanitária, com apenas dois oradores (Marcelo e D. Tolentino de Mendonça) e mais seis convidados. 

No ano passado, a cerimónia do 5 de outubro não contou com qualquer discurso por se realizar em dia de reflexão para as eleições legislativas. Na altura, o chefe de Estado explicou: «O que vai acontecer é o seguinte: haverá um momento simbólico na Câmara Municipal de Lisboa de evocação da República, não haverá discursos, mas haverá esse momento simbólico».

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem-se multiplicado em apelos para que haja estabilidade política e insistiu esta semana que ninguém lhe «perdoaria» que não criasse condições para evitar uma crise política no país. 
A expressão foi usada numa altura em que as suas declarações sobre o cenário negocial do orçamento têm merecido críticas, designadamente, do PCP. Marcelo aproveitou também, após a última reunião do conselho de Estado, para recusar a ideia de que estaria a ultrapassar os seus poderes constitucionais. Isto porque conhece bem a Lei Fundamental e até a votou. «Agora, também sabe que ninguém lhe perdoaria se, com duas grandes crises, o Presidente deixasse criar condições, sem a prevenir, para uma crise que era a terceira crise em cima das outras duas», afirmou Marcelo  em declarações à RTP e à TVI.

Sobre a pandemia da covid-19, o chefe de Estado considerou ainda que «a comunidade internacional falhou». A crítica foi feita na quinta-feira, na  II Edição do Fórum ‘La Toja’, na Galiza, Espanha.