Na sua primeira sessão de pré-campanha presidencial no Teatro da Trindade, em Lisboa, Ana Gomes respondeu esta segunda-feira a perguntas e fez uma declaração inicial, a pensar nas sondagens que dão clara vantagem a Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da República que ainda não disse se será recandidato ( deve anunciá-lo algures na última semana de novembro). “Numa República, não há coroações nem vitórias antecipadas, é o povo quem decide”, avisou a ex-eurodeputada socialista e antiga dirigente nacional socialista.
Sobre o tema mais quente da atualidade, a não recondução de Vítor Caldeira como presidente do Tribunal de Contas, Ana Gomes considerou que é preciso “perceber o que se passa no Tribunal de Contas”. Depois falou da aplicação dos fundos europeus, o outro tema que vai aquecer a discussão política.
“Essa é uma questão das mais prementes para todos nós, cidadãos: se nós desistirmos de escrutinar, de pedir contas, de participar nas decisões da alocação desses fundos, então desistimos do país, porque então vai haver roubalheira, como houve no passado”, avisou a candidata presidencial, deixando ainda críticas ao executivo que é do PS ( o seu partido). “Temos de dizer ao Governo que nem pense avançar, tal como está, com esta proposta para modificar o regime da contratação pública”, declarou a ex-eurodeputada socialista numa sessão de perguntas, transmitida também via redes sociais ( Facebook).
Antes deste ponto mais divergente com o executivo, Ana Gomes apelou ainda ao voto dos jovens nas presidenciais: “Compreendo quem esteja desencantado com a política e os políticos, mas todos somos chamados a construir um Portugal melhor (…) Apelo aos jovens a que combatam a apatia, não se abstenham, não deixem de se indignar, não desistam de Portugal”.
Por fim, a candidata deixou um desafio aos seus adversários: não aceitar contribuições com valores superiores a 100 euros.
De realçar que o PS ainda não revelou qual será a sua estratégia nas eleições presidenciais e só o vai fazer no próximo dia 24 de outubro em comissão nacional. O mais certo é dar liberdade de voto com um partido dividido entre o voto em Marcelo Rebelo de Sousa e o voto em Ana Gomes. Neste último caso, o voto ou o apoio a Ana Gomes pode também ter outras leituras: as de um posicionamento interno para o futuro após a saída de António Costa como atual secretário-geral do PS.