Ainda que seja a região de Lisboa e Vale do Tejo a registar o maior número de total de casos, é na região Norte que se têm registado mais casos nos últimos quatro dias. O boletim divulgado este domingo revelou 625 novos casos no Norte, praticamente o dobro das novas infeções do que em Lisboa e Vale do Tejo, que ficou pelas 329. No total, registaram-se 1090 novos casos – número mais baixo do que no sábado, que registou o maior número de sempre, com 1646 casos.
Nos últimos quatro dias, desde 8 de outubro, a região Norte registou sempre mais casos do que as restantes regiões do país.
De acordo com o relatório semanal disponibilizado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo, o valor médio do RT – indicador que calcula quantos casos surgem em média a partir de cada infetado – na região Norte é de 1,22. Este é o valor mais alto quando comparado com as restantes regiões do país no período de 30 de setembro e 4 de outubro. A região Norte registou valores de RT superiores a 1 nos últimos 72 dias, “com cerca de 402 novas infeções por dia”, lê-se no relatório do INSA.
Urgência do São João reabriu seis tendas para triagem
Com o aumento de casos e com uma maior pressão nos serviços de urgência, o Hospital de São João, no Porto, ativou o nível dois do plano de emergência e reabriu seis tendas – quatro para adultos e duas para crianças – para conseguir fazer a triagem dos doentes infetados. este hospital está a registar uma média diária de doentes superior à atingida nos meses de março e abril. À RTP, Cristina Marujo, diretora do serviço de urgência do Hospital de São João, referiu que têm neste momento uma média de 30 doentes positivos por dia. Relativamente aos casos suspeitos, a média diária fixa-se nos 115. “Vai ficar muito parecido com o que tivemos na primeira fase”, disse Cristina Marujo, acrescentando que “a pressão vai ser muito grande” nos próximos meses.
Os serviços de urgência de outros hospitais do país estão também a atingir a sua capacidade máxima. Exemplo disso é o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, que foi obrigado a encaminhar este sábado dois doentes infetados com covid-19 para o Hospital das Forças Armadas, em Lisboa.
Sobre este assunto, a Associação de Médicos de Saúde Pública já alertou para as dificuldades que podem surgir nos próximos tempos na prestação de cuidados médicos, caso o número de casos positivos continue a aumentar. E o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) avisa que os médicos de Saúde Pública, além de poucos, estão “afogados em inquéritos epidemiológicos e tarefas burocráticas”. Este sindicato alerta ainda para “a gravíssima insuficiência de médicos nas equipas dos Serviços de Urgência, em especial nas áreas metropolitanas” de Lisboa e Porto.
Marcelo fala em repensar o Natal
A propósito de uma visita ao hospital de Braga, o Presidente da República alertou para a necessidade de respeitar as regras impostas pela tutela para reduzir o contágio. “Nenhum de nós quer parar a economia e aumentar o desemprego”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “não se pode tornar uma coisa obrigatória para milhões de pessoas se elas não cumprirem”.
Considerando este um “período muito grave”, Marcelo comparou o cenário atual com o vivido no início da primavera. E pensa já na época que se inicia em dezembro: “Se for preciso repensar o Natal em família”. “Não pode ser com 100 pessoas em família, com 60, 50 ou 30. Se for preciso, divide-se o Natal pelas várias componentes da família”, acrescentou o Presidente da República alertando também para a necessidade de “repensar os programas que se tem com os amigos”.