A conferência de imprensa, desta quarta-feira, dia em que Portugal registou um novo recorde de casos diários de covid-19 desde o início da pandemia, contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Marta Temido começou por dizer que a maioria dos novos casos foram registados na região norte do país e é esperado pelo Instituto Ricardo Jorge que o número de casos aumente em todo o país, sendo que durante a próxima semana os números diários podem ultrapassar a barreira dos três mil casos, "se não forem cumpridas as medidas de prevenção". "De acordo com as estimativas do Instituto Ricardo Jorge estamos a enfrentar uma situação de contágios crescente, que tem tendência a agravar-se nos próximos dias, tendo em conta os modelos matemáticos", afirmou a governante, que apelidou os próximos tempos de "duros" e apelou a um esforço conjunto de toda a comunidade.
A ministra afirmou também que será publicada esta quarta-feira uma nova estratégia de testes com inclusão dos designados testes de antigénio e que a Linha SNS24 vai voltar a prescrever testes de despiste ao novo vírus. Paralelamente, o Governo está a reforçar "as medidas de contact tracing que se intensificarão nos próximos dias por profissionais recrutados especificamente para o efeito" para impedir a propagação da doença.
Questionada sobre a decisão da diminuição do número de dias de isolamento profilático, Marta Temido esclareceu que "a quarentena não foi alterada em termos de período de tempo" mas sim o "critério da alta clínica", sendo isso sempre validado, em última instância, por decisão médica. Esta diminuição tem a ver apenas com "casos de doença ligeira ou moderada, que poderá ser feito aos 10 dias, perante determinados requisitos, nomeadamente a ausência de febre e a melhoria significativa de sintomas durante três dias consecutivos", disse ainda a ministra.
Sobre a pressão nos hospitais na região de Lisboa e Vale do Tejo e na região Norte, onde existem mais pessoas hospitalizadas infetadas, Marta Temido afirma que a região de LVT tem 6.330 camas de enfermaria e estão ocupadas 419 com doentes covid. Na região norte existem 5.489 camas disponíveis, das quais 294 estão ocupadas com doentes covid.
De acordo com as notícias relativas aos transportes públicos estarem cheios, Marta Temido sublinha que o Governo reforçou a fiscalização para garantir o cumprimento das regras. "Quando é necessário agravam-se as coimas, mas pede-se aos cidadãos para que tenham respeito pelas regras definidas, que foram feitas para limitar a ação do vírus", apontou.
Marta Temido falou ainda sobre a assistência médica aos doentes não covid e disseque se registaram, em setembro de 2020, face ao período homólogo de 2019, apenas menos 410 mil consultas médicas. "É mais um passo na recuperação, num caminho que temos, todos os dias continuar a percorrer, e que sabemos que é um caminho difícil onde é preciso equilibrar as respostas às necessidades Covid-19, neste momento em maior pressão", e as restantes.
Marta Temido fez um apelo a toda a população sobre a necessidade da responsabilidade individual, especialmente entre os jovens com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos, a faixa etária onde se têm registado mais casos nos últimos tempos. "Todos que têm a aspiração de fazer as suas vidas regressar à normalidade que tenham presente que a doença não desapareceu" e que "só juntos podemos enfrentar esta nova fase de crescimento da doença, onde vamos ser todos postos a uma prova muito dura", disse.
Graça Freitas falou também sobre a possibilidade de serem alteradas várias regras nas escolas de modo a controlar a propagação da covid-19 e garantiu que há uma reunião esta quarta-feira para analisar a situação e adotar novos procedimentos", no entanto, não deixa de salientar a importância do papel da população. "No verão saíram orientações do Ministério da Educação para que as escolas se organizassem em segurança, depois saiu uma orientação relativa à forma de atuação em relação a casos suspeitos que surgissem. Passado um mês da abertura das escolas, há uma reunião para analisar a situação e eventualmente adotar novos procedimentos. Mas está nas nossas mãos, adotando as medidas de proteção e higiene, limitar a propagação do vírus."
Questionada sobre o facto de dois ministros que estiveram em contacto com o ministro Manuel Heitor, que testou positivo à covid-19, terem sido obrigados a cumprir um período de isolamento e os membros da seleção que estiveram em contacto com jogadores infetados com a doença, como Cristiano Ronaldo, terem continuado a treinar, Graça Freitas disse que as autoridades de saúde portuguesas fazem "uma avaliação de risco" sobre cada situação específica, "primeiro preliminar e depois minucioso" e sublinha que os jogadores "não estão na comunidade"
"O inquérito minucioso aos jogadores da seleção não está terminado, mas eles estão isolados na Cidade do Futebol e não estão na comunidade. Vão ser aplicadas as mesmas regras. Se as autoridades concluírem que houve contactos de alto risco, ficarão em isolamento", esclareceu a diretora-geral da Saúde. Sobre o jogo contra a Suécia, em Alvalade, esta quarta-feira, a responsável afirma que "de acordo com as normas da UEFA, se todos estiverem negativo, a probabilidade de contagiar outros, se começarem a ter sintomas durante o jogo, é infinitamente pequena".