João Soares, filho de Mário Soares, e outros socialistas não gostaram de ouvir António Barreto criticar o fundador do PS e antigo Presidente da República. Barreto, que participou na estreia do programa Primeira Pessoa, na RTP, falava das divergências com Mário Soares na altura em que era ministro da Agricultura e acusou o então primeiro-ministro de ter mentido sobre o seu afastamento do Governo. “Era um homem que vivia bem com a mentira”, acrescentou o sociólogo.
António Barreto ficou para a história como o ministro que deu a cara pela lei que travou a reforma agrária, a célebre Lei Barreto. O sociólogo descreve o fundador do PS como “a pessoa mais pragmática do mundo”, que estava disposto a fazer cedências no processo da reforma agrária para conseguir o apoio da esquerda e continuar a governar.
João Soares reagiu de imediato para demonstrar o desagrado com a entrevista na estreia do novo programa de Fátima Campos Ferreira. “Acabou de cometer uma imensa grosseria com a memória do meu pai. Infelizmente, ele já cá não está para se defender. Mas eu não a deixo passar. Ele, António Barreto, é que, para além de insuportavelmente vaidoso e egocêntrico, é um mentiroso. Mentiu descaradamente e redondamente. Com uma deselegância que diz muito sobre o seu caráter”, escreveu, na sua página do Facebook, o antigo presidente da Câmara de Lisboa.
António Campos, braço-direito de Mário Soares e secretário de Estado de António Barreto no i Governo Constitucional, entre 1976 e 1978, também reagiu ao que classificou como “um ataque soez a Mário Soares”.
Campos lembra a proximidade entre o então ministro da Agricultura e o Presidente da República e está convencido de que “Barreto aspirava ser primeiro-ministro” com o apoio do “partido do general Eanes”.
As publicações de João Soares e António Campos contaram com dezenas de comentários. Alguns socialistas saíram em defesa do fundador do PS. Renato Sampaio, ex-deputado socialista, acusou Barreto de “tentar reescrever a história, vilipendiando mesmo pessoas como o grande Mário Soares”.