O ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, foi ouvido esta quinta-feira na 13ª sessão de julgamento de Rui Pinto no âmbito do processo Football Leaks, no Campus de Justiça, em Lisboa, e anunciou que vai desistir da queixa apresentada contra o pirata informático, que alegadamente acedeu à sua caixa de correio eletrónico quando dirigia o clube leonino.
No Tribunal Central Criminal de Lisboa, o ex-dirigente do Sporting “tirou o chapéu” a Rui Pinto e confessou que este processo “veio demonstrar muita coisa”. “Temos de tirar-lhe o chapéu, porque os processos começam a aparecer e começa a haver acusações”, começou por dizer Bruno de Carvalho, que até adjetivou o processo Football Leaks como “benéfico”.
“Fui dizendo ao longo de cinco anos e meio muita coisa sobre futebol, sobre corrupção, e acho que o Football Leaks veio materializar em termos documentais aquilo que, muitas vezes, podia ser só considerado”, disse, tecendo também elogios ao hacker. “Não vou qualificar o crime ou não que Rui Pinto cometeu. O que tenho de dizer como cidadão é que houve uma série de processos que andaram muito mais depressa, outros que partiram a partir dali e que as pessoas se sentem muito mais confiantes a partir do momento em que um miúdo de 30 anos faz o que faz”, atirou Bruno de Carvalho.
Além disso, o ex-presidente leonino fez questão de referir, à saída do tribunal, que aquilo que foi apurado por Rui Pinto, nas suas investigações, acabou por se tornar “importante” não só para Portugal como também para o resto do mundo. “O tribunal tem de fazer um trabalho complexo. Aquilo que o Rui Pinto apurou foi demasiado grave e importante, mas também não vou chegar aqui e dizer que o tribunal não tem um trabalho difícil que é de avaliação se houve ou não o cometer de alguns crimes. Mas sinceramente espero que haja muita gente que, perante o que ele descobriu, se sente no banco dos réus”, concluiu.
Rui Pinto, recorde-se, está acusado pelo Ministério Público de um total de 90 crimes, entre os quais 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo – visando entidades como o Sporting –, um por sabotagem informática à SAD do clube leonino e ainda outro por extorsão, na forma tentada.