A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins acusou, esta terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, de “chantagem” por falta de um acordo no Orçamento do Estado para 2021 (OE201) e deixou um recado, ao lembrar que o partido nunca mudou de sentido de voto entre a generalidade e a votação final.
Num entrevista à TVI, esta segunda-feira à noite, Costa disse que está disponível para negociar com o Bloco, mas há um limite: o bom senso e o limite do razoável. O primeiro-ministro disse ainda que “o Orçamento só chumba se BE e PCP se juntarem à direita”.
“Acho inaceitável. Agora, cada vez que o PS não negoceia diz que a esquerda se juntou à direita? Isto não é sério em democracia”, disse Catarina Martins, numa entrevista à rádio Observador, a poucas horas de mais uma ronda negocial com o Governo.
"Em vez de negociarmos o concreto dos problemas que temos pela frente, vem a chantagem da crise política. Era preciso desmontá-la e o próprio primeiro-ministro reconheceu isso ontem”, acrescentou. “Ninguém está aqui para deitar a toalha ao chão. Há uma forma terrível de fazer política nos momentos difíceis, que é arranjar pretextos para falhar. Espero que não seja isso [que António Costa está a fazer]”, defendeu.
O BE só irá definir a sua posição na votação na generalidade, agendada para dia 28 de outubro, no próximo domingo. Mas, a líder bloquista deixa claro que, por agora, “como está”, o OE não tem condições para ser viabilizado.
Na mesma entrevista, Catarina Martins lembrou que o BE nunca mudou o sentido de voto entre a generalidade e a votação final. Um recado para o PCP, que no Orçamento Suplementar, em maio, deixou o documento passar na generalidade mas acabou por votar contra. “Nunca fomos para uma especialidade sem termos um acordo suficiente com o Governo em matérias essenciais da especialidade para garantirmos que não havia surpresas entre um momento e outro, ainda que pudesse haver divergências. Essa é a forma mais correta que permite visibilidade para todos", frisou.
Catarina Martins garantiu ainda que "o BE nunca defendeu um Orçamento em duodécimos”, uma hipótese levantada pelo deputado bloquista José Manuel Pureza, e disse que o Bloco tem quatro áreas prioritárias: saúde, trabalho, apoio social e Novo Banco.