"Ministério da Educação teima em esconder a informação solicitada, como se a segurança e saúde no trabalho não fosse uma questão que diz respeito aos trabalhadores e, no caso das escolas, a alunos e famílias", começou por explicar a FENPROF num comunicado que veiculou no seu site oficial na tarde desta terça-feira. Sublinhe-se que, simultaneamente, a associação partilhou a lista dos estabelecimentos públicos e privados de ensino onde existem ou existiram casos de covid-19.
De acordo com a nota, a lista foi solicitada ao Ministério da Educação mas a estrutura sindical "não obteve resposta, apesar de o ministério estar obrigado, por lei, a disponibilizar essa informação". No entanto, a Direção-Geral da Saúde (DGS) "reconheceu a existência de 23 surtos em escolas, atualizando, depois, para 28, número que ficava muito abaixo daquele que, através da comunicação social e por informação dos professores, era do conhecimento da FENPROF". Deste modo, a associação decidiu divulgar a lista que já havia criado e que será atualizada sempre que tiver conhecimento de novos casos.
"Entretanto, procedimentos continuam a variar muito de escola para escola e os testes continuam a não ser opção generalizada, num tempo em que crescem os números de alunos e profissionais em quarentena; isto enquanto são mantidas práticas que fazem aumentar o risco de contágio", adicionou a federação, esclarecendo que "não é o silêncio, o encobrimento e o diz-que-disse que evita o alarmismo e promove a tranquilidade e a confiança indispensáveis ao normal funcionamento das escolas". A FENPROF não deixou ainda de lançar uma crítica à não realização de testes a quem contactou com pessoas infetadas, assumindo que esta prática "poderá, no imediato, disfarçar a dimensão de um problema que já não é pequeno, mas tornar-se-á num dos fatores que, a curto prazo, levará a uma situação de descontrolo, podendo impor o encerramento das escolas".
A lista é composta pelos estabelecimentos onde existiram casos positivos de coronavírus, "independentemente de se encontrarem ou não ativos". A FENPROF citou ainda o documento "Referencial para as escolas I 2020", da DGS, para evocar o facto de que "será considerado um surto em contexto escolar, qualquer agregado de 2 ou mais casos com infeção ativa e com ligação epidemiológica. Numa situação em que existam dois ou mais casos com origens diferentes, a atuação é análoga, pelo que doravante ambas se designam como 'surtos'". A FENPROF esclareceu igualmente que tem sido contactada por professores e pais que a informaram de que a "lista tornada pública está incompleta, enviando o nome de outras escolas onde também se registam casos de covid-19".
No texto que acompanha a lista das escolas onde foram reportados casos positivos do coronavírus, é possível ler que "é natural que a lista peque por defeito, pois a FENPROF apenas vai acrescentando escolas/AE que, de forma inequívoca, consegue confirmar", uma vez que os casos incorretamente veiculados, mas já retirados da lista, "deveram-se a situações de quarentena com origem exterior à escola ou ocorridas já no final do anterior ano letivo e que, por isso, geraram confusão". A FENPROF realçou ainda que considera que "quando são detetados casos, todos os alunos da turma, professores e contactos próximos deverão ser, de imediato, testados, de forma a identificar eventuais outros casos de infeção, protegendo, dessa forma, toda a comunidade escolar e garantindo que a escola poderá manter-se aberta".
Naquilo que diz respeito às consequências do ensino à distância, a FENPROF é assertiva: "Poderá o governo, com a forma errada como está a lidar com a Covid-19 nas escolas, tornar-se o responsável pelo crescente número de alunos e professores em casa, por turmas sem aulas presenciais e, mesmo, por escolas encerradas, tudo ao contrário do que tem dito defender".