O mercado do arrendamento em Portugal vai emergir nos próximos anos “como a grande aposta dos investidores em Portugal”. Esta é uma das principais conclusões do mais recente estudo Multifamily Portugal, lançado ontem pela JLL. A consultora, que aponta para vários projetos residenciais de grande escala, estima que serão criados cerca de três mil fogos para arrendamento no mercado nacional.
O estudo diz ainda que Lisboa, Porto e as respetivas áreas metropolitanas vão ser os principais alvos, estando já alguns projetos previstos para Lisboa. “Dentro da cidade, os eixos da Alta de Lisboa e Ajuda são as zonas com maior potencial para acolher este tipo de projetos, sendo áreas limítrofes como Miraflores, Carnaxide e Algés também localizações de grande interesse. Mas não só. De acordo com a JLL, o mercado de Multifamily encontra oportunidades num raio de ação mais abrangente, considerando destinos atrativos os concelhos na margem sul do Tejo, como Almada e Barreiro, além de olhar ainda para Loures, a norte da cidade”.
O documento destaca ainda “o forte crescimento” da procura para arrendamento nos últimos anos, que tem sido o principal fator a atrair os investidores.
Segundo os dados, são as classes média e média baixa que contam com a procura mais expressiva e que têm as maiores dificuldades – agravadas com a pandemia de covid-19 – em aceder à habitação para compra num contexto de forte subida de preços e de restrições no financiamento.
Também as gerações mais jovens são um motor de procura, procurando aceder à sua primeira habitação sem o ónus da compra, seja porque preferem soluções mais flexíveis seja porque também têm dificuldade em aceder ao financiamento.
“Há um segmento especialmente interessante, com um enorme potencial de crescimento nos próximos anos. São os mais jovens, que hoje não têm resposta para as suas necessidades habitacionais e que procuram soluções mais flexíveis e acessíveis, mas não apenas por questões financeiras. É, acima de tudo, algo geracional e cultural. Os millennials não querem necessariamente possuir uma casa, querem usar uma casa. Esse é o seu chip para quase tudo e, por isso,
valorizam flexibilidade e mobilidade. Vão ser um importante motor do mercado de arrendamento institucional”, diz Patrícia Barão, Head of Residential da JLL.
A atual inexistência de oferta de arrendamento para responder a esta procura é outro dos argumentos do mercado nacional para atrair investimento institucional para este segmento. De acordo com o estudo, a oferta para arrendar em Lisboa e Porto é reduzida e bastante pulverizada. Além disso é de baixa qualidade num stock onde boa parte das construções tem mais de 40 anos, apresentando-se assim como desadequada às necessidades da procura, quer em termos de áreas e compartimentação das casas, quer em termos de rendas praticadas.