A Fórmula 1 aterra este fim de semana no Algarve, 24 anos depois do último Grande Prémio da modalidade ter sido disputado em Portugal. No Autódromo Internacional em Portimão poderá ficar escrito um capítulo histórico, com Lewis Hamilton (Mercedes) como autor: o britânico poderá tornar-se em Portugal o piloto mais vitorioso de sempre da categoria rainha do automobilismo. Depois de ter igualado o recorde de 91 vitórias do alemão Michael Schumacher, Hamilton pode isolar-se no topo desta tabela caso vença em solo português.
O Grande Prémio Portugal é a 12.ª etapa da temporada, que sofreu várias alterações devido à pandemia de covid-19.
Nas 11 corridas já disputadas, o britânico venceu sete, com o último triunfo a ser carimbado na ronda anterior, o GP de Eifel, na Alemanha – marcado pelo gesto de Mick Schumacher, filho do piloto alemão, que entregou a Hamilton um capacete do pai.
À procura de igualar novamente Schumacher, Hamilton procura este ano conquistar o sétimo título mundial da carreira, precisamente o número de troféus conquistados pelo alemão.
Aos 35 anos, o britânico está bem encaminhado no que diz respeito à nova meta: atualmente lidera o campeonato com 230 pontos, mais 69 do que o segundo classificado, o seu companheiro de equipa, o finlandês Valtteri Bottas.
O campeão mais jovem de sempre Hamilton sagrou-se pela primeira vez campeão mundial de Fórmula 1 em 2008, à data pela McLaren. Na altura, conquistou ainda o título de campeão do mundo mais jovem de sempre, com 23 anos, nove meses e 25 dias – recorde que passou entretanto para as mãos do alemão Sébastian Vettel (Red Bull), campeão com 23 anos, quatro meses e 11 dias. Naquele ano, o britânico venceu o campeonato após conquistar seis Grandes Prémios, precisamente o mesmo número apresentado pelo brasileiro Felipe Massa (Ferrari), então vice-campeão.
A carreira do piloto britânico fica entretanto marcada pela sua transferência da britânica McLaren para a alemã Mercedes.
É já com a nova equipa que Hamilton constrói quase todo o seu sucesso na modalidade. Conquistou os restantes cinco títulos mundiais, procurando atualmente o quarto consecutivo (venceu em 2014, 2015, 2017, 2018 e 2019).
Nos últimos sete anos, o piloto britânico foi colecionando vários recordes, com destaque para o maior número de pole positions (96), o maior número de pódios (159), o maior número de pontos na carreira (3.636) ou o maior número de pontos numa temporada (413).
Rei da modalidade nos últimos anos, há, porém, alguns registos de Michael Schumacher que o britânico ainda não alcançou. A lista pode ser encabeçada pelo número de títulos consecutivos: caso confirme a conquista do quarto título consecutivo, Hamilton fica a um do recorde do alemão (tem cinco, entre 2000 e 2004, pela Ferrari). O britânico até já podia ter superado esta marca, não fosse a derrota para Nico Rosberg em 2016.
Outro dos registos históricos do alemão é o número de vitórias num só ano: Schumacher venceu 13 corridas em 2004. Hamilton já andou perto de igualar o recorde, mas nunca foi além das 11 vitórias numa só época. Aliás, o piloto da Mercedes registou essa marca por três ocasiões, em 2014, 2018 e 2019.
Outro recorde de Schumacher que Hamilton pode superar ainda este ano é o de vitórias com uma mesma equipa: o alemão lidera esta tabela com 72 vitórias conquistadas pela Ferrari, enquanto o inglês tem atualmente 70 pela Mercedes.
Outra das marcas que o britânico ainda persegue é o número de voltas mais rápidas. Schumacher realizou a volta mais rápida em 77 Grande Prémios enquanto o inglês tem 51.
Ainda assim, para Hamilton, o ano de 2020 tem ficado marcado pelos registos inéditos, tendo superado já os pódios do alemão (155). O britânico igualou também Schumacher no número de vitórias no mesmo Grande Prémio: o alemão ganhou o GP França 8 vezes. Já o britânico é o rei da Hungria, tendo vencido pela oitava vez no Hungaroring este ano.
Lotação reduzida O Grande Prémio de Portugal vai ter a lotação reduzida devido à pandemia de covid-19, tendo sido abolido o peão no recinto. A prova vai ter uma lotação máxima de 27.500 espectadores, de acordo com o despacho governamental publicado esta quarta-feira em Diário da República.
“Sendo a capacidade total do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) de cerca de 90 mil lugares, e atendendo à situação epidemiológica atual, a lotação autorizada para esta prova específica é de 27.500 lugares sentados, distribuídos por bancadas independentes, com uma lotação de ocupação variável e divididas por setores de cerca de 800 pessoas”, pode ler-se no documento.
No âmbito das medidas publicadas face à situação de calamidade do país, o Governo determinou que “apenas são permitidos lugares sentados”, sendo “proibida a circulação entre bancadas, bem como entre setores da mesma bancada” e o consumo de bebidas alcoólicas, tanto no recinto como nos acessos.
Antes, o AIA confirmou a medida, admitindo várias soluções para os detentores destes bilhetes. “Perante este cenário, ao qual somos alheios, caso assim o deseje, faremos a devolução na íntegra do valor do bilhete e do custo dos portes. Em alternativa, trabalhámos em diversas soluções para que os possuidores de bilhetes de peão consigam, ainda assim, assistir à corrida, pelo que criámos um conjunto de possibilidades”, adiantou em comunicado, salientando que os detentores destes ingressos já foram contactados. “Gostaríamos muito que o momento atual fosse outro, para que tudo pudesse decorrer de uma forma diferente, mas temos de nos adaptar às situações, conforme elas se nos deparam, e resolver as mesmas dentro das possibilidades ao nosso alcance”, concluiu.
Recorde-se que inicialmente foram colocados à venda cerca de 46 mil bilhetes.
Depois de receber a etapa de F1, o AIA vai ser palco da prova derradeira do Mundial de MotoGP2020, agendada para o próximo mês de novembro.
Miguel Oliveira vai fechar a temporada em casa, numa altura em que é 10.º classificado na tabela geral (69 pontos).
Na última prova, o piloto luso não somou pontos, tendo terminado à porta do top-15 (16.º lugar) o GP Aragão.