Governo considera “incompreensível” voto contra do Bloco de Esquerda

Duarte Cordeiro ‘ataca’ Bloco por não responder “quando o país mais precisa”.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares afirmou, esta segunda-feira, que "o Governo considera incompreensível que não possa contar com o Bloco de Esquerda" para aprovar o Orçamento do Estado (OE). No entanto fez questão de sublinhar que já há "garantias" de que o documento é aprovado na generalidade. As declarações de Duarte Cordeiro foram feitas pouco depois de a deputada não inscrita Cristina Rodrigues ter feito saber que se iria abster na votação na generalidade do OE2021.

"O Governo considera incompreensível que, quando o país mais precisa, não possa contar com o Bloco de Esquerda para viabilizar um Orçamento do Estado que combate uma pandemia gravíssima que protege as pessoas e apoia o emprego", afirmou o governante, aos jornalistas, na residência oficial do primeiro-ministro.

Duarte Cordeiro respondeu diretamente aos argumentos do Bloco de Esquerda para votar contra o Orçamento e garantiu: "o Governo não falhou nem falhará a Serviço Nacional de Saúde".

Mas as críticas do secretário de Estado não ficaram por aqui, tendo referido ainda as acusações do partido liderado por Catarina Martins sobre proteção social e o Novo Banco. Duarte Cordeiro disse lamentar que o Bloco não tenha decidido “fazer parte da solução".

Por outro lado, fez questão de reiterar a disponibilidade do Executivo para negociar no âmbito da especialidade, garantindo que "o Governo continuará empenhado" no "diálogo e compromisso com os partidos" para "garantir um bom OE".

"Estaremos sempre disponíveis para continuar a dialogar e para, do nosso lado, tentar esclarecer o melhor possível", acrescentou Duarte Cordeiro.

Depois de revelado o sentido de voto da deputada Cristina Rodrigues, falta conhecer a posição do PEV, o que deverá acontecer na terça-feira, prevendo-se a sua abstenção, na linha do que anunciou o PCP, parceiro de coligação na CDU.

Sublinhe-se que mesmo que os deputados ecologistas votassem contra o documento na generalidade, as contas seriam suficientes para a aprovação do OE, pois seriam 107 deputados pelo não e 108 pelo sim.