A sociedade PLMJ, alvo de ataque informático por parte de Rui Pinto, pediu aos seus advogados para averiguarem a existência de “informação sensível” nas pastas que alegadamente foram acedidas pelo hacker. Na 20.ª sessão de julgamento do processo Football Leaks, a decorrer no Campus de Justiça, em Lisboa, a advogada Sandra Lopes, ex-associada, explicou como lhe chegou a informação de que havia problemas no sistema informático.
“Um dia chego à PLMJ e tenho um email a dizer que nos devíamos apresentar no auditório. Aí fomos informados de que tinha havido um problema na rede, que alguns computadores tinham sido acedidos e que nós tínhamos sido os eleitos. Mais tarde saímos dessa reunião com trabalho de casa, ou seja, ver essa listagem, o que estava nas pastas e identificar o que poderia ser informação sensível”, relatou, avançando que alguns advogados falaram, em tom de brincadeira, no facto de Rui Pinto poder ser o autor do ataque. “Eram apenas suposições, nunca foi referido formalmente o nome dele”, garantiu.
Durante a manhã foram igualmente ouvidos outros quatro advogados cujos emails foram alvo de alegados ataques do pirata informático. Maria João Mata, Bárbara Correia, Tiago Castro e Duarte Schmidt Lino – todos trabalhavam na sociedade PLMJ na altura do ataque, em 2018 – foram ouvidos da parte da manhã, mas, questionados sobre se possuíam ligações ao Football Leaks ou ao Luanda Leaks, três deles recusaram responder e só um disse que não. “Não tenho nada relacionado com isso”, admitiu Tiago Castro.
Rui Pinto, recorde-se, está acusado pelo Ministério Público por um total de 90 crimes, 68 dos quais de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda um por sabotagem informática à SAD do Sporting e outro por extorsão na forma tentada.