O impasse durou toda a semana, mas acabou com o Chega a apoiar o Governo de coligação, entre o PSD, CDS e PPM, liderado por José Manuel Bolieiro para governar os Açores. André Ventura acabou por ceder e deixou cair a pretensão de que o PSD participasse na revisão constitucional.
PSD, CDS e PPM anunciaram, esta semana, publicamente, que chegaram a acordo para apresentar uma alternativa ao PS que venceu as eleições, mas perdeu a maioria absoluta. A solução passa por um Governo com estes três partidos e o apoio parlamentar do Chega e da Iniciativa Liberal.
O Chega era indispensável para que o Governo de direita fosse viabilizado e, no início da semana, Carlos Furtado, presidente do partido na região, deu como certo um acordo. Foi, porém, desmentido por Ventura que pretendia continuar as negociações para obter outros ganhos. Pelo meio, o vice-presidente do Chega Açores Orlando Lima bateu com a porta com críticas à «postura centralista» de André Ventura.
O processo foi turbulento e Ventura chegou a ameaçar não viabilizar o Governo, mas o Chega optou por apoiar a solução criada pelo PSD. Em comunicado, o Chega garantiu que «o futuro Governo regional comprometeu-se a alcançar as metas de redução significativa de subsidiodependência na região e de criação de um gabinete regional de luta contra a corrupção, tendo-se comprometido também desencadear, nos termos das suas competências próprias, um projeto de revisão constitucional regional que inclua, entre outros aspetos, a redução do número de deputados na região autónoma dos Açores».
Socialistas atacam Rui Rio
O comunicado assinado por André Ventura garante que o PSD nacional irá entregar na Assembleia da República, ainda nesta sessão legislativa, um projeto de revisão constitucional que «contemplará, entre outros aspetos, a redução do número de deputados e a vontade de fazer uma profunda reforma no sistema de Justiça».
O PSD acusou Rui Rio e o PPD de «mostraram que vale tudo para alcançarem o poder». José Luís carneiro diz que o presidente do PSD tem de dar explicações aos sobre este acordo, porque «os portugueses têm o direito de saber quais foram os princípios e os valores que deixou cair para efeitos de alcance de poder momentâneo».
Para os socialistas, Rui Rio «pisou a linha vermelha dos princípios e dos valores constitucionais e virou as costas ao PPD/PSD de Sá Carneiro, fundador e constituinte da nossa Constituição».
O representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, já começou a ouvir os partidos. PSD, da parte da manhã, e PS, da parte da tarde, serão ouvidos neste sábado.